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mocumentário

Classe gramatical: 
s.m.
Definição: 

1. Filme, vídeo ou série de TV ficcionais, mas que se apresentam como um documentário real, ao seguir o estilo típico deste gênero (uso de narração, depoimentos, registros históricos, câmera na mão, etc.), geralmente com o objetivo de entreter, divertir e/ou iludir o espectador, convencendo-o da veracidade dos eventos representados na tela; pseudodocumentário.

2. Gênero deste tipo de obra audiovisual.

[Adaptação do inglês mockumentary, de mock, ‘falso, simulado’, + (doc)umentary, ‘documentário’.]

Exemplos de uso: 

“Em todo o mundo, registra-se um número cada vez maior de produções cinematográficas que utilizam o formato documental com conteúdo ficcional. O gênero ganhou várias denominações, como docudrama, semificcional e mocumentário, este último derivado da expressão inglesa mockumentary, neologismo que mescla ‘documentary’ com ‘mock’, palavra que significa simulação, zombaria. O espaço Caixa Cultural (Av. Almirante Barroso, 25 – Centro do Rio) apresenta, até o próximo dia 21, a mostra internacional cinematográfica ‘Nem tudo é verdade’, exclusivamente dedicada ao ‘falso documentário’, gênero pouco discutido por aqui.”1

“Um dos destaques da programação é ‘Nanook, o esquimó’, dirigido por Robert Flaherty em 1922 e considerado o primeiro documentário – ou ‘mocumentário’, para alguns – da história do cinema. O filme, que narra a vida dos inuítes no Ártico canadense, suscitou polêmica por recriar de forma ficcional técnicas de caça, pesca e construção de iglus, há muito abandonadas por aquele povo: – Ainda que Nanook nunca tenha existido, salvo na imaginação de Flaherty, o diretor justificou-se, sublinhando que ‘eram necessárias algumas alterações para se aproximar do real’. O mocumentário é um gênero que, deliberadamente, incursiona no território da dúvida, sem chegar a respostas. Alguns filmes se fazem passar pelo que não são, iludem e confundem o espectador sobre o que é verdade ou mentira – diz o curador da mostra, Thiago Andries.”2

“Um gênero cinematográfico que sempre suscitou discussões sobre a questão da realidade-ficção foi o documentário. Em uma abordagem mais clássica, o documentário é visto como o oposto da ficção, reproduzindo a bipolaridade ficção-realidade já tratada no primeiro capítulo desta tese. Mas um novo gênero surge exatamente para contestar essa diferenciação: o mocumentary (ou, aportuguesando, mocumentário). Provavelmente o primeiro exemplo célebre de mocumentário tenha sido ‘Zelig’, de Woody Allen, de 1983 (...). Uma das estratégias usadas para diluir o limite entre realidade e ficção é o uso de pessoas reais, como a escritora Susan Sontag, o psicólogo Bruno Bettelheim, que, com seus depoimentos, reforçam a verossimilhança da narrativa. O filme ainda usa outros recursos de documentários, como imagens de cinejornais, fotos da época e até mesmo áudios das consultas do protagonista com sua psicóloga (devidamente acrescidos de ruídos que os tornam mais realistas).”3

“A cerimônia [do Emmy Internacional] foi realizada em Nova York, nos Estados Unidos. A Globo concorreu com três produções: ‘Se eu fechar os olhos agora’, em Melhor Minissérie ou Filme para TV, perdendo para a australiana ‘Safe harbour’; Marjorie Estiano, pelo trabalho em ‘Sob pressão’, concorreu como Melhor Atriz, mas quem levou foi a húngara Marina Gera; e ‘A primeira pedra’, do canal Futura, concorreu como Melhor Mocumentário, mas o vencedor foi ‘Bellingcat’, da Holanda.”4

“Ainda seguindo a linha do humor e da comédia, encontramos o novo ‘mocumentário’ estrelado por Sacha Baron Cohen, ‘Borat: fita de cinema seguinte’, entre os indicados e vencedores do Globo de Ouro. Produzido e roteirizado pelo intérprete de Borat, o filme é dirigido por Jason Woliner e estrelado por Maria Bakalova.”5

“Prestes a ser lançado nos Estados Unidos, o aguardadíssimo próximo filme da franquia de comédia ‘Borat’ corre o risco de ter sua estreia adiada por conta de um problema legal. É que a família de uma sobrevivente do Holocausto que morreu recentemente no país, e que gravou uma ponta no longa estrelado por Sacha Baron Cohen em janeiro, decidiu interpelar judicialmente os produtores da fita a fim de forçá-los a cortar as cenas em que ela aparece. Entrevistada no começo do ano por Cohen, então caracterizado como seu personagem mais famoso, em uma sinagoga do ultraconservador estado americano da Geórgia, Judith Dim Evans acreditou na ocasião estar participando de um documentário, mas ficou irritada quando eventualmente [sic] descobriu que na verdade havia contribuído para um mocumentário (um doc satírico), o que de acordo com seus parentes a teria deixado ‘horrorizada’.”6

“O pseudodocumentário, ou mocumentário, não deixa de ter seus cultores entre nós, especialmente no âmbito dos curtas-metragens. Exemplos relevantes são Estertor, de Davi Moori, Diogo Dias de Andrade e Victor Reis, com seu retrato de casal narrado à moda de um documentário; Recife Frio, de Kléber Mendonça Filho, uma ficção científica apresentada como reportagem de TV; e a animação Dossiê Rê Bordosa, de César Cabral, perfil ‘documental’ da personagem dos quadrinhos.”7

Referências: 

MOCKUMENTARY. In: CAMBRIDGE UNIVERSITY PRESS. Cambridge Dictionary. Disponível em: https://dictionary.cambridge.org/pt/dicionario/ingles/mockumentary. Acesso em: 10 maio 2021.

MOCKUMENTARY. In: DICTIONARY.COM. Dictionary.com. Disponível em: https://www.dictionary.com/browse/mockumentary. Acesso em: 10 maio 2021.

MOCKUMENTARY. In: MERRIAM-WEBSTER.COM DICTIONARY. Merriam-Webster. Disponível em: https://www.merriam-webster.com/dictionary/mockumentary. Acesso em: 10 maio 2021.


1 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA. Ficção e realidade se misturam na tela. Primeira página, 15 set. 2008. Disponível em: http://www.abi.org.br/ficcao-e-realidade-se-misturam-na-tela/. Acesso em: 10 maio 2021.

2 Idem, ibidem.

3 OLIVEIRA, Ivan Carlo Andrade de. A fantástica história de Francisco Iwerten: Hiper-realidade e simulacro nos quadrinhos do Capitão Gralha. Goiânia, 2017. Tese (Doutorado em Arte e Cultura Visual). Faculdade de Artes Visuais, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2018. Disponível em: https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/459/o/Tese_-_Ivan_Carlo_Andrade_de_.... Acesso em: 16 maio 2021.

4 REDAÇÃO O GLOBO. ‘Porta dos fundos’ vence Emmy Internacional por Melhor Comédia; veja vencedores. O Globo, 26 nov. 2019. Cultura. Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/porta-dos-fundos-vence-emmy-internacion.... Acesso em: 10 maio 2021.

5 REDAÇÃO R7. Os grandes vencedores do Globo de Ouro 2021. R7, 16 mar. 2021. Entretenimento. Disponível em: https://entretenimento.r7.com/os-grandes-vencedores-do-globo-de-ouro-202.... Acesso em: 10 maio 2021.

6 REDAÇÃO GLAMURAMA. Família de sobrevivente do Holocausto pode impedir lançamento de ‘Borat 2’. Entenda! Glamurama, 15 out. 2020. Disponível em: https://glamurama.uol.com.br/familia-de-sobrevivente-do-holocausto-pode-.... Acesso em: 16 maio 2021.

7 MATTOS, Carlos Alberto. Ficção e Documentário. A era do híbrido. Filme Cultura, abr. 2010, n.o 50. Disponível em: http://revista.cultura.gov.br/wp-content/uploads/2017/06/Filme-Cultura-n.... Acesso em: 23 maio 2021.

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