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insegurança alimentar

Classe gramatical: 
loc. subst.
Definição: 

Condição do indivíduo ou da família sem acesso ou com acesso precário a uma alimentação adequada, seja pela falta de recursos financeiros, seja pela escassez de comida no local em que vive.

[A insegurança alimentar pode ser leve (substituição de alimentos saudáveis por outros de baixa qualidade e menor custo), moderada (falta de alimentos básicos) ou grave (ausência de alimentos).]

Exemplos de uso: 

Insegurança alimentar não é uma expressão nova – ‘gourmetizada’, como dito nas redes – para a fome. De acordo com a Oxfam Brasil, a expressão ‘segurança alimentar’ começou a ser usada pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) logo após a Segunda Guerra Mundial. Na época, tratava-se de um termo militar. Para um país ser forte internacionalmente, ele precisava ser autossuficiente tanto em armas quanto na capacidade agrícola de abastecer a própria população. A partir da Conferência Mundial da Alimentação, promovida pela Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), em 1974, a expressão passou a ser usada para explicar o fenômeno social da falta de acesso a comida no mundo, levando em conta todos os problemas de abastecimento, disponibilidade e inflação dos preços dos alimentos. Atualmente, o quadro de insegurança alimentar diz respeito ao indivíduo que não possui acesso físico, econômico e social a alimentos saudáveis e de qualidade para fazer todas as refeições necessárias.”1

“A insegurança alimentar é medida tradicionalmente no Brasil pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ela é dividida em três tipos: a leve, a moderada e a grave. Atualmente, 28% dos brasileiros se encontram no quadro de insegurança alimentar leve – um quadro marcado pela troca de alimentos saudáveis por outros prejudiciais à saúde. ‘Isso acontece, por exemplo, quando a renda de uma família cai e, em vez de comprar linguiça, eles passam a comprar salsicha’, explica Maitê Gauto, gerente de Programas e Incidência da Oxfam Brasil. A insegurança moderada, por sua vez, atinge 15,2% dos brasileiros e aponta uma situação ainda mais preocupante, quando os alimentos começam a faltar na despensa e membros da família passam a pular algumas refeições por economia. ‘É o quadro da mãe que deixa de comer para alimentar os filhos. Ou da pessoa que não consegue cozinhar por não ter acesso ao gás de cozinha’, complementa Gaitô. Por fim, a insegurança alimentar grave aborda a alarmante situação de 15,5% dos brasileiros em 2022. ‘É a fome. É simples: a pessoa não tem o que comer hoje. Ele precisa sair para a rua para tentar conseguir algo para colocar na barriga’, explica Rodrigo ‘Kiko’ Afonso, diretor-executivo da ONG Ação da Cidadania.”2

“A maior proporção de famílias em insegurança alimentar grave está nas regiões Norte e Nordeste do país. Alagoas é o estado em que essa situação é mais frequente, atingindo 36,7% das famílias pesquisadas. Em segundo lugar, vem o Piauí, com 34,3%, seguido pelo Amapá, com 32% dos domicílios nessa situação. Na sequência, estão Pará e Sergipe, ambos com 30% da população atingida. [...] Apesar de proporcionalmente atingir mais as regiões Norte e Nordeste, a maior concentração de pessoas que passam fome em números absolutos está no Sudeste, região mais populosa do país. Os dados são puxados principalmente por São Paulo, com 6,8 milhões de pessoas em insegurança alimentar grave, e pelo Rio de Janeiro, com 2,7 milhões na mesma situação. Considerando toda a população em insegurança alimentar (leve, moderada ou grave), São Paulo também lidera, com 26 milhões, seguido por Minas Gerais, com 11,2 milhões.”3

“Pesquisa global realizada pela Gallup, empresa de pesquisa de opinião dos Estados Unidos, mostra que, comparada a 120 países (em desenvolvimento e desenvolvidos), a insegurança alimentar no Brasil ultrapassou em quatro vezes a média global em 2021. O percentual de pessoas que não tiveram dinheiro para comer ou para alimentar suas famílias vem subindo nos últimos anos, como foi abordado durante o evento pela palestrante [Tereza Campello], ao afirmar que milhões de pessoas não conseguem fazer três refeições por dia. ‘São 65 milhões de brasileiros que não comem o suficiente por dia. Isso dá uma França inteira ou até mesmo uma Inglaterra inteira’, comparou.”4

“O problema da insegurança alimentar não ocorre por escassez de alimentos, como salientou Áurea [Santa Izabel], mas por problemas de distribuição. O Brasil é um dos países que mais produzem alimentos no mundo, mas boa parte da produção é voltada à exportação e à alimentação de gado. Sem interesse político e programas sociais que visem à redução da desigualdade, é pouco provável que o país consiga reduzir os índices de insegurança alimentar em curto prazo.”5

“O documento da ONU é uma produção conjunta da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), o Fida (Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola), o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), o WFP (Programa Mundial de Alimentos da ONU) e a OMS (Organização Mundial da Saúde). O relatório também inclui orientações de como os governos podem reformular políticas públicas em apoio à agricultura, para reduzir o custo de uma alimentação saudável para suas populações, considerando a limitação cada vez maior de recursos em diferentes partes do mundo. ‘Este relatório destaca repetidamente a intensificação desses principais fatores de insegurança alimentar e má nutrição: conflitos, choques climáticos e choques econômicos, combinados com as crescentes desigualdades’, escreveram as cinco agências da ONU.”6

Referências: 

FOOD INSECURITY. In: COLLINS ENGLISH DICTIONARY. Disponível em: https://www.collinsdictionary.com/pt/dictionary/english/food-insecurity. Acesso em: 23 nov. 2022.

FOOD INSECURITY. In: MERRIAM-WEBSTER.COM DICTIONARY. Merriam-Webster.Disponível em: https://www.merriam-webster.com/dictionary/food%20insecurity. Acesso em: 25 nov. 2022.

FOOD INSECURITY. In: OXFORD UNIVERSITY PRESS. Oxford Learner’s Dictionaries. Disponível em: https://www.oxfordlearnersdictionaries.com/us/definition/english/food-in.... Acesso em: 25 nov. 2022.

 

1 MONTEIRO, Rafael. O que é insegurança alimentar? Como ela explica a fome no Brasil? Ecoa, 2 ago. 2022. Na prática. Destretando. Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2022/08/02/o-que-e-insegura.... Acesso em: 23 nov. 2022. 

2 Idemibidem.

3 G1. Três em cada dez famílias enfrentam insegurança alimentar moderada ou grave. G1, 14 set. 2022. Economia. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/09/14/tres-em-cada-dez-famili.... Acesso em: 23 nov. 2022.

4 GAMEIRO, Nathállia; CAIXETA, Heloísa. Insegurança alimentar no Brasil é debatida durante seminário. Fiocruz Brasília, 1 set. 2022. Disponível em: https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/inseguranca-alimentar-no-brasil-e.... Acesso em: 23 nov. 2022.

5 VARELLA, Mariana. Insegurança alimentar: quase 3 mil bebês são internados em 2022 com sintomas de desnutrição. Drauzio Varella, 11 nov. 2022. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/alimentacao/inseguranca-alimentar-quas.... Acesso em: 23 nov. 2022. 

6 GAVRAS, Douglas. Insegurança alimentar afeta 61 milhões no Brasil, diz ONU. Folha de S.Paulo, 7 jul. 2022. Economia. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/07/inseguranca-alimentar-afet.... Acesso em: 23 nov. 2022.

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