Atração pelo cheiro que o interior dos livros exala, especialmente os antigos.
“Bibliosmia é a palavra que define a ação de cheirar livros. Se temos uma definição, deve haver uma explicação, certo? A ciência explica essa inevitável obsessão de cheirar qualquer página nova, mas principalmente as mais antigas, antes de começar a ler. Como em quase tudo, a resposta está na química – e o cientista inglês Andy Brunning publicou um estudo para explicar o que há no perfume peculiar dos livros. Pois é, as pessoas não estão loucas ao cheirarem os livros, pois eles realmente têm aromas diferenciados... Segundo Brunning, nos livros novos, três elementos seriam as fontes mais fortes do cheiro: as tintas, o adesivo usado na encadernação dos livros, e o próprio papel, assim como os produtos químicos utilizados em sua fabricação. No caso dos livros antigos, porém, o processo de envelhecimento e, assim, de liberação do tão característico odor dos livros mais velhos é mais fácil de ser compreendido e determinado – com traços de baunilha, amêndoa e cheiros doces como de flores. O processo sucede a partir do desgaste da celulose e da lignina contidas no papel com o tempo. Isso provoca o amarelecimento das páginas e a liberação dos elementos orgânicos que provocam o tal cheiro.”1
“Sabe aquela sensação maravilhosa de abrir um livro e sentir o seu cheiro? Folhear o livro e viajar primeiro com o aroma que vem dele e depois com a sua história. Essa satisfação tem nome. Bibliosmia é o nome dado ao ato e prazer em sentir o cheiro dos livros. Vai dizer que achava que é um hábito só seu? Tem gente que diz que é mania, outros dizem que é vício.”2
“‘Não sei se com o andamento que isto está a levar daqui a uns anos a imprensa escrita ainda vai existir. Lembro-me perfeitamente que, há 10 anos, recebia [no quiosque] 30 exemplares de cada jornal; há 20 anos cerca de 50/60 e agora recebo uns 10, diariamente. A faixa etária mais consumidora situa-se entre os 45 e os 50 anos e mesmo as pessoas com mais idade vão desaparecendo, e os jovens compram muito menos, porque são seduzidos pela internet.’ Mas [António de Sousa] acrescenta: ‘Não há nada como ter o papel nas mãos! Como sentir o cheiro do jornal!’ Não se trata apenas de perpetuar a bibliosmia através dos jornais em papel, isto é, o acto ou o gosto de cheirar o interior dos livros. Trata-se, sim, da atitude mais desafiante que é perpetuar o Jornalismo através do papel.”3
“Não só os livros novos têm seu encanto, os mais raros também exercem fascínio e convidam para serem ‘cafungados’, que o Vocabulário Controlado não nos descubra, nem a nossa rinite alérgica. É amor à primeira bibliosmia. Aproveitando o nosso verão vou pesquisar uma praia ou clube (bom lugar para ler um livro), colocar a minha leitura em dia e claro nada como uma boa cafungada no livro.”4
1 GOMES, Naiara. Hábito irresistível de cheirar livros ganha uma explicação científica. Diversa Editora, 20 jan. 2021. Disponível em: https://www.editoradiversa.com.br/post/h%C3%A1bito-irresist%C3%ADvel-de-.... Acesso em: 20 nov. 2022.
2 URBANETTO, Carla. Você sabe o que é bibliosmia? Porto dos Livros, 15 mar. 2021. Disponível em: https://www.portodoslivros.com.br/single-post/voc%C3%AA-sabe-o-que-%C3%A.... Acesso em: 20 nov. 2022.
3 RODRIGUES, Ana Rita. Filhos da Madrugada – O “jornaleiro” da Portagem. Coimbra Coolectiva, 11 mar. 2020. Disponível em: https://coimbracoolectiva.pt/2020/03/11/filhos-da-madrugada-o-jornaleiro.... Acesso em: 20 nov. 2022.
4 FRAGA, Ana Karina. Um prazer, bibliosmia. Conselho Regional de Biblioteconomia – 1.ª Região, 13 jan. 2020. Crônicas. Disponível em: https://crb1.org.br/site/2020/01/um-prazer-bibliosmia/. Acesso em: 20 nov. 2022.