Que a gripe iria se difundir é coisa que desde o princípio da pandemia estava óbvia. Trata-se de um vírus que simplesmente se beneficia do modo de vida moderno, sobretudo no que se refere a viagens e à convivência em grandes grupos, como acontece nas metrópoles. E a pergunta que se impõe é: o que dá para fazer?
A medida que poderá diminuir grandemente o problema é a vacina. E uma vacina surgirá. Não é algo para os próximos dias ou para as próximas semanas, mas a tecnologia ajudará e mais cedo ou mais tarde teremos um imunizante. Outra precaução importante é lavar as mãos, cuidadosamente e com tempo suficiente. Uma regra americana: lavar durante o tempo em que se canta, mentalmente, claro, o Parabéns a Você. Ideia boa porque, quem cuida de sua saúde, de fato está de parabéns.
Depois temos a máscara, que ajuda bastante, ainda que não seja absolutamente mandatória; e não devemos esquecer que as pessoas doentes também devem usá-la, para diminuir a transmissão do vírus.
E como repercutirá a gripe no nosso modo cotidiano? Antes de mais nada, vale uma advertência: as pessoas não devem entrar em pânico. Gripe ou não, a vida segue e seria muito ruim se reuniões importantes, por exemplo, fossem canceladas.
Mas aí há uma ponderação a fazer. A gripe pode, apesar dos problemas que traz, ou justamente por causa dos problemas que traz, constituir-se em uma janela de oportunidade – e é uma janela mesmo, na medida em que nos possibilita antever uma nova realidade para nós próprios. A gripe depende do vírus, mas a entrada do vírus num organismo é condicionada pelo nível imunitário deste, pelos hábitos da pessoa. Podemos encontrar, no surto da doença, um estímulo para a mudança do estilo de vida. Para começar: que tal deixar de fumar? Que tal poupar o nosso aparelho respiratório da agressão que representa a fumaça do cigarro? Que tal uma dieta mais equilibrada, mais rica em frutas e verduras? Que tal diminuir o consumo de álcool? Que tal começar um programa de exercício físico, quem sabe uma simples caminhada diária?
Dá, sim, para transformar o limão da gripe numa boa limonada. E isto nada tem a ver com a vitamina C das frutas cítricas. É apenas uma metáfora para fazer as pessoas pensarem.
Diário Catarinense, 27/7/2009