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O Educador Paulo Nathanael

 

Foi uma cerimônia muito bonita, no auditório do CIEE/SP. Era a posse do educador Paulo Nathanael Pereira de Souza como membro efetivo da Academia Paulista de Letras. Na ocasião, suas varias ações, sobretudo como homem público, foram lembradas pelos oradores, um dos quais, entusiasmado, chegou a chamá-lo de “Santo”.


Conheci de perto a grande paixão de Paulo Nathanael Pereira de Souza pela educação brasileira durante os anos de convívio, no antigo e saudoso Conselho Federal de Educação. Suas intervenções, sempre sábias, constituíram permanente aprendizado. Minha admiração não era só pela figura do presidente do CFE, mas pelo especialista, notadamente em educação média e profissionalizante, que visitei, de uma feita, no Cenafor, também por ele comandado.


Não posso lhes garantir que ele, quanto mais velho ficou melhor. Por uma simples razão: suas ideias jamais envelheceram, como pude verificar ao fazer em parceria o livro “Educação, Estágio e Trabalho” (Editora Integrare), felizmente com muito sucesso. Aliás, devido às suas judiciosas considerações sobre a educação em nosso País, sempre uma prioridade verbal, mas não prática. Diz Paulo Nathanael, agora membro também da Academia Paulista de Letras e da Academia Brasileira de Educação (eleito na semana passada) que “o ensino médio brasileiro tem sido o calcanhar de Aquiles do sistema educacional. Jamais conseguiu definir o seu objetivo.”


Concordo inteiramente com a sua tese de que o segredo do ensino médio no Brasil é que ele não sabe realmente para que existe. Tanto isso é verdade que passou a ser a grande preocupação das autoridades no MEC, empenhadas na associação inteligente da formação propedêutica com a necessária visão profissionalizante. Todos concordamos que o ensino médio não pode ser apenas um corredor de acesso ao ensino superior. Novas necessidades sociais, econômicas e culturais obrigam a esse casamento, sem esquecer que o humanismo deve ser prevalecente, pois se deseja a formação integral do educando – e isso não pode ser secundarizado.


Defendemos, em conjunto, a melhor formação dos professores. Tudo o que é ensinado hoje na escola deve ser acompanhado da explicação clara da sua aplicabilidade na vida real. “Quando fui reitor de uma universidade, em São Paulo, não me cansei de proclamar essa necessidade.” – diz o mestre Nathanael, com a firmeza com que defende as suas convicções. Outro fato marcante em sua personalidade é a defesa intransigente do valor dos profissionais brasileiros. Por que essa mania de exaltar somente o que vem de fora, como se ainda vivêssemos a fase de predomínio dos índios botocudos?


Não se pode deixar de admirar o educador Paulo Nathanael Pereira de Souza, também, pelo muito que fez na direção do Centro de Integração Empresa-Escola Nacional. Foram anos de grande produtividade, com a incorporação de um número recorde de estagiários e aprendizes, com uma particularidade essencial: todos estão sendo orientados com uma visão moderna, para o futuro, com o pleno emprego da educação à distância e de outras tecnologias de ponta. É um brasileiro que merece todas as homenagens, um dos melhores amigos que fiz na vida.


Jornal do Commercio (RJ), 13/4/2009.