Minha mulher costuma tratar Antônio Olinto por menino. Chama-o em sua presença ou na ausência.
Menino. Menino, sempre, para Maria do Carmo.
Se Nabuco tem razão ao dizer que só o espírito de infância é capaz de criar, Olinto é, de fato, um Menino.
Dá gosto ver a sua disposição em deslocamentos Brasil inteiro para fazer conferências, lançamentos de livros, viagens de fundo cultural. Não se intimida com percursos em ônibus, trens, aviões. Parece que sempre tem a mala pronta. É um obsessivo do livro. Por isso funda e alimenta bibliotecas. Escreve em jornais e revistas. É um múltiplo. Pensa na África e escreve no Brasil.
Até num carro alegórico em plena Sapucaí ele já desfilou no carnaval de 2007, quando a ABL foi homenageada pela Mangueira.
Na mesma disposição, em Londres fundou jornal e trabalhou na adidância cultural de nossa embaixada.
Esse Antônio Olinto dá luzes à Academia Brasileira.
Conheci pessoalmente Antônio Olinto por obra e graça de Zélia e Jorge Amado, já faz um tempão. Antônio Olinto tem duas vertentes do seu trabalho que muito me agradam e foram constantemente destacadas pelo casal Amado:
A obra literária, de crítico e prosador; a obra da construção de amizades.
Há um verso de Machado de Assis, no poema "Bons Amigos", dizendo que ter amigos é a melhor cumplicidade.
Olinto está repleto de cumplicidades.
Louvo os seus noventa anos, esperando estar vivo para festejar-lhe o centenário, mas lamento que Zora não esteja conosco nestes louvores da Cultura Brasileira ao moço de Ubá.
Que pena!
Lá vem ele. Passinho miúdo, livro na mão, sorriso de um canto ao outro da boca e em todo o coração. A imagem ficará. É Olinto.
Olinto é uma festa móvel que se carrega no coração, tal e qual Hemingway disse de Paris.
Pois saiba Olinto que essa festança, com broa de milho, quentão, foguete de lágrima é festança sua, é festança nossa, desse magote imenso de seus amigos, leitores, admiradores.
Viva Olinto! Viva!
Diário de Pernambuco (PE) 19/02/2009