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O futuro do ensino superior

 

“Não se pode culpar o ensino particular pelas deficiências existentes na educação brasileira. Os problemas são muito mais complexos.” – afirmou o professor Hermes Ferreira Figueiredo, no encerramento do 10o Fórum Nacional de Escolas Privadas, promovido em São Paulo pelo Semesp, com a participação de 180 instituições brasileiras de praticamente todas as unidades da federação.


Acrescentou que hoje a oferta de 75% do ensino superior se faz por intermédio de escolas particulares, de olhos voltados para o futuro, na preocupação comum de aperfeiçoar o seu desempenho. No Fórum, que contou com 308 especialistas, mesclando gerações de líderes, foram discutidas questões essenciais, como a necessidade de evitar a banalização do ensino, mesmo que seja oportuno criar condições para uma nova política de mensalidades, a fim de alcançar uma gama extensa de jovens com reduzido poder aquisitivo.


Há toda uma lógica no raciocínio do presidente do Semesp: “Além de o segmento privado ser responsável pela formação de mais de três quartos dos alunos do ensino superior, ele também responde, num percentual ainda maior, pela sua inserção no mercado de trabalho, o que comprova sua eficácia para formar profissionais em consonância com as demandas do mercado.”


Pesquisa do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo, segundo nos revelou o reitor Gabriel Rodrigues, mostrou que as instituições particulares são detentoras de um resultado altamente elogioso: “Em São Paulo, 72% dos jovens recém-saídos das instituições acadêmicas obtiveram melhorias de salários em suas carreiras depois de formados e 69% mudaram de cargo ou de empresa depois que terminaram o curso superior, ou no ano seguinte. Além disso, a educação superior propiciou uma elevação salarial média de 55% para ¾ deles.”


Trata-se de um trabalho inédito, que ouviu mais de 1.400 profissionais, no Estado de São Paulo. Pode-se inferir, com certeza, que a realidade é praticamente a mesma nos grandes centros urbanos do país, como ficou comprovado nos debates havidos no 10o FNESP. Com um pormenor que convém destacar: o ensino superior nitidamente aumenta no Brasil a empregabilidade dos jovens e o seu desenvolvimento profissional, o que se faz, sobretudo, do ponto de vista aritmético, pelas vagas oferecidas nas instituições de ensino. Assim se cria a mobilidade social que nos leva à crença de que a democracia existe, no ensino superior brasileiro, não havendo clima para se discriminar este ou aquele tipo de escola, seja ela pública ou particular.


Pode ser que resida nesse aspecto uma das motivações a respeito da mudança da imagem no setor. Não se pode afirmar que se esteja no nível ideal, até porque seria necessário trabalhar mais no sentido de uma comunhão de esforços. Mas, discretamente, o que é uma forma segura, está crescendo o número de alunos no ensino superior brasileiro. O Governo trabalha na criação de novas vagas, especialmente noturnas, mas a iniciativa privada recolhe dados concretos de uma expansão controlada – e com a preocupação dominante de uma qualidade melhor.


Jornal do Commercio (RJ) 10/10/2008