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Academia e reajuste

 

Sabe-se que no processo dialético a permanência das instituições culturais depende em parte do seu reajustamento. Victor Hugo disse que a revolução faz o retorno do fictício ao real.


Não se trata de propor uma revolução em permanência, na Academia Brasileira de Letras, mas de defender sempre o dinamismo propositivo que lhe cabe com entrega confiante e rejeição total a ser reserva encolhida. Teremos que realizar mudanças, uma vez necessárias.


A Academia nunca poderia ser uma instituição meramente reativa às provocações do calendário de efemérides, por mais relevantes que sejam. Deve de igual modo propor e reagir adequadamente.


Karl Popper ensina que "a verdade é absoluta até que alguém diga o contrário com consistência."


A Academia sempre propôs um pacto pelo conhecimento. De outra parte, a Academia deve abranger o otimismo, espancar o pessimismo e o exclusivamente contemplativo.


Há tanta contestação, tanta inovação no plano cultural que se faz conveniente verificar a consistência de cada proposta, na busca da verdade.


É preciso ir para fora de portas. É preciso acolher os de fora.


Integrar os "oh! de casa" aos "oh! de fora".


Vejamos:


A revolução digital transferiu aos indivíduos a força para catar informações e deu-lhes meios de expor o que conceberam. Temos competência para acompanhar o que se teoriza sobre tema de tal amplitude e eis aí um observatório para a Academia aproximar-se de faces da questão cultural.


Tecnologia. Cientistas sociais como Manuel Castells e Yúdice, jornalistas de nível como Merval Pereira escrevem, seguidamente, sobre esses caminhos pavimentados pela tecnologia na direção da construção cultural.


Pelo livro ou pelas tecnologias importa é difundir e estimular a Cultura.


O nosso Estatuto nos impõe zelar pela Cultura, então como desconhecer a força dos blogs e a influência das redes sociais?


T.S. Eliot ensinou que o tempo passado e o tempo futuro apontam para o tempo presente. E acrescentou: "o que não foi e poderia ter sido fica na perpétua possibilidade". O Plano Nacional de Cultura, incluído na Constituição pela Emenda 48, carece de ter a nossa avaliação consistente.


Como planejar o esforço cultural, no que isso signifique, por exemplo, compreensão e ação do Estado sem o aval da mais importante instituição cultural do País? Não somos um retrato na parede. Não poderíamos ser um retrato na parede.


A Academia está apta a impedir que fiquem na incompletude, entre outros aspectos, as controvertidas idéias sobre renúncia fiscal, formas de financiamento, mecanismos de fomento, vale-cultura, loteria cultural, privatização e cultura, mensuração do envolvimento corporativo, direito autoral.


Constatamos um mundo de questões que precisam transitar cada vez mais nos domínos das reflexões e ações da Academia.


A situação atual do Brasil, como país em crescimento, leva-nos a considerar a cultura como recurso utilizável.


E sendo assim, há que geri-lo, em grau de competição. Deste modo, nos alveja um mundo que é executado em velocidade.


Jornal do Commercio (RJ) 31/7/2008