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Refresco de memória

 

RIO DE JANEIRO - Até agora, a mais espetacular operação da Polícia Federal atirou contra o banqueiro Daniel Dantas. Mas atingiu também o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, que está levando as sobras com o levantamento de sua polêmica passagem no judiciário nacional.


Em matéria de ontem, publicada aqui na Folha, a repórter Ana Flor lembrou que o ministro foi trazido à vida pública por Fernando Collor, mas atingiu um raio de ação mais substancioso durante os dois governos de FHC, quando foi advogado-geral da União. "O próprio Mendes tinha contra ele ações de improbidade administrativa movidas, em 2002, por um procurador da República que o acusava de enriquecimento ilícito."


É certo que o futuro ministro teve decidida atuação no caso das privatizações -daí, talvez, a "tranqüilidade" de Daniel Dantas quanto à decisão do seu caso no Supremo presidido por Mendes.


Outro jornalista, Mauro Santayana, em sua coluna no "Jornal do Brasil" de ontem, diz que "Gilmar excluiu-se eticamente do direito de pertencer ao Judiciário". E lembra: "O mais grave é que ele se encontrava sub judice, processado por improbidade administrativa -conforme denúncia de Dalmo Dallari- quando seu nome foi levado à Comissão de Justiça do Senado para ocupar a vaga no Supremo" -a indicação fora feita por FHC, em paga de seus serviços como advogado da União.


Santayana continua: "O rolo compressor do governo quebrou a resistência da maioria dos senadores. Ainda assim, seu nome foi recusado por 15 parlamentares. A Associação dos Magistrados Brasileiros também se opôs à sua nomeação. Mais ainda: o Ministério Público questionara, antes, a presença de Gilmar, que pertencia a seus quadros, na Advocacia Geral da União".


Folha de S. Paulo (SP) 15/7/2008