Tenho escrito sobre a inflação e o que ela causa sobre às aplicações financeiras. Volto hoje, como de costume, a falar sobre esse monstro chamado inflação e o seu triunfo, abalando a remuneração de todas as aplicações financeiras no mês de junho. Não precisaria eu apoiar-me em um único mês do calendário para julgar o que faz essa tentação, a inflação, que numa penada põe abaixo todas as aplicações financeiras.
Não é possível defender a inflação, por ser um mal tão grande que não tem face por onde se lhe pegue. Por qualquer lado que for analisada, derrota ela tudo o que disserem a seu favor. Tivemos no Brasil o exemplo da inflação acelerada , derrubando por onde passou todos os obstáculos opostos a sua corrida e ao mal que fazia em sua passagem.
Não é possível concordar com a inflação, ainda que muita gente tenha ganhado dinheiro com essa bruxa descabida, que chega num país pobre como o Brasil a falsificar todas as aplicações financeiras, de todas as qualidades, que perderam dinheiro na luta contra ela.
Vem de longe nosso desentendimento com a inflação, por ser ela nitidamente uma praga que se arrola a outras pragas e com elas cometem terríveis desastres, que vão repercutir na economia dos pobres, mais do que na dos ricos. A inflação já derrotou as aplicações em junho e tornará a derrotar outras aplicações se ficarmos limitados a medidas liqüefazes, que não alcançam a carcaça inabalável da inexistência econômica, nem leva os mais capazes economistas a encontrar um contraveneno para essa terrível mordedora, capaz de matar todos os que lhe opõem.
Pelo menos assim tem sido no mundo. Ficou famosa a inflação americana dos anos da Grande Depressão , da qual os EUA salvaram-se com dificuldade. Agora, ela novamente nos ameaça com o seu veneno mortal, nos afetando após anos de difícil recuperação depois de sua passagem.
Combater a inflação é dever dos bons governos, que acabarão caindo em seus males. Sabemos o que foi a inflação depois da Primeira Guerra Mundial e os males que ela causou, que foram repercutir no derrotismo e em outros efeitos maléficos que influenciaram a Segunda Grande Guerra . Sabemos também que seus efeitos no pós-Guerra, quando economistas de grande prestígio criaram os instrumentos necessários ao combate à inflação, mas que não deram completo resultado.
Ficam aqui essas considerações, que colocamos no combate à inflação, o grande mal, que parece incontornável, em que o dinheiro sofre . A vitória da inflação está aí para confirmar.
Diário do Comércio (SP) 8/7/2008
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