Se há os que estranham, no Muro das Lamentações, a separação entre homens e mulheres, nas orações ao Criador, com respaldo na tradição religiosa, é comum, no moderno estado de Israel, registrar a importância do papel feminino, na construção da sociedade. Nas Universidades e nos centros de pesquisa há o predomínio da presença da mulher, trabalhando de igual para igual.
Sentimos essa realidade na visita ao Instituto Weizmann de Ciências. Ali encontramos um programa voltado para jovens mulheres altamente talentosas, que desejam ingressar nas carreiras de ciências naturais e ciências exatas, antes privativas do sexo masculino. O objetivo é acabar de vez com a distância entre os cientistas, na expectativa de prevalência do mérito, independentemente de quaisquer outras considerações. Já é assim no Exército.
As pesquisas pós-doutorado revelam um gargalo que está sendo desfeito. É o período em que as mulheres, casadas, devem cuidar dos filhos pequenos. Há bolsas atraentes para contornar o problema, sem que se deixe de dar a assistência devida aos menores, assistidos de forma qualitativa (menos horas com mais dedicação). Os resultados têm sido esperançosos.
Hoje, no Instituto Weizmann, trabalham cerca de 1.000 cientistas e 1.200 estagiários em pós-graduação. São fortíssimos na área biomédica, onde se desenvolvem pesquisas sobre a influência do celular na saúde; proteínas; câncer, com um claro avanço a partir de 1969, quando o cientista Albert Sabin, benfeitor da humanidade, presidiu a instituição. A Feinberg Graduate School forma especialistas que se distribuem sobre o universo das escolas israelenses, para valorizar a educação científica.
O IWC, em Rehovot, é uma espécie de Vale do Silício, tamanha a diversificação das áreas em que atua, com ênfase em Matemática e Biologia. As conquistas no campo da energia solar são reconhecidas internacionalmente, o mesmo podendo ser afirmado no que se refere a instrumentos de precisão. O objetivo maior é procurar desvendar os segredos da natureza, para melhorar a qualidade de vida. O sonho dos seus pesquisadores é ampliar a cooperação internacional, inclusive estrategicamente com os seus vizinhos árabes. Ciência sem fronteiras, com muita fé na criatividade humana.
Hoje, há um esforço especial, com cerca de 250 projetos integrados. Destaque para a melhor compreensão dos segredos do cérebro. Professor de Neurologia, Yadin Dudai dedica-se a estudos para manter a memória atuante, um dos grandes e fascinantes desafios da atualidade. Biologia Molecular, Enzimas, Eletrônica Molecular são áreas prioritárias, com um pormenor que convém ressaltar: na grande área do campus há novos e imensos edifícios que abrigam incubadoras de empresas. Ou seja, onde se faz a interface da ciência e da tecnologia com o mercado, gerando produtos que ganham o mundo. É um processo de retroalimentação. Os recursos financeiros permitirão novos estudos. Outro relevante pormenor: no IWC há um Jardim da Ciência, onde vimos centenas de escolares tomando gosto por este setor fundamental. É assim que se trabalha para o futuro.
Jornal do Commercio (RJ) 23/6/2008