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O adeus de Fidel Castro

 

Diante da televisão, no horário do noticiário, fomos surpreendidos com a notícia procedente de Cuba dando conta da renúncia de Fidel Castro, depois de 49 anos de exercício no poder. No passado, o próprio cardeal Papa João Paulo II foi a Cuba, sem revelar o real motivo, nem mesmo nos seus sermões, usando de sua persuasão junto ao líder máximo para convencê-lo a renunciar ao poder e a passá-lo para um companheiro de Cuba.


O nosso Diário do Comércio , na edição de quarta-feira, dia 20, deu o seguinte título de manchete: Perestroika em Cuba . Anunciou mudanças. Evidentemente, por mais que Raúl Castro admire o seu irmão, e o respeite, não vai ele seguir minuciosamente as pegadas de Fidel, que foi líder absoluto de um povo do qual retirou a liberdade e a economia livre.


Fidel Castro sabia que tinha o poder como um dom, um dom divino que ele dava a conhecer em minúcias nos seus longos discursos de presidente. Tudo em Cuba se afinava pelo que dizia Fidel Castro. Ele só não abriu espaço para transição para democracia por ser mais fácil para ele governar o país, com pulmão de ferro, como as ditaduras gostam de fazer.


De grande exportador de açúcar, Cuba tornou-se tributária de outros países. Cuba deu esperanças aos seus filhos que se desesperaram diante da ditadura de Fidel Castro. Cuba, até mesmo na música, entrou em decadência, quando no passado brilhava em todas as capitais com, por exemplo, o band leader Tommy Dorsey. Cuba era um país independente que se bastava a si mesmo e fazia funcionar a balança comercial a seu favor, com o açúcar das suas usinas modernas e bem equipadas.


No campo da saúde pública está em lugar muito vantajoso, onde é aplaudida por todos que conhecem as suas qualidades. Também no esporte Cuba ainda brilha com suas equipes de vôlei e basquete, que são sempre as primeiras do mundo.


Transferindo-nos para as letras, damos destaque a seus prosadores e seus poetas que só não falaram mais por estarem presos ou exilados. Fidel Castro quis com o seu carisma exportar a sua revolução cubana como modelo a ser seguido, mas como ele veio tarde para a luta das ruas não conseguiu impor a sua liderança em todo o continente onde ele era uma personalidade viva e atraente.


A renúncia de Fidel Castro vai abrir campo para uma transição política em Cuba.


Diário do Comércio (SP) 22/2/2008