Escrevi numerosos editoriais, publicados nesta coluna, sobre a devastação da Amazônia pelos fazendeiros instalados com legalidade no território amazonense. Cheguei a sugerir a organização de um exército para a Amazônia com a incumbência de impedir a sua devastação. Evidentemente, não fui atendido pelos burocratas do funcionalismo.
Agora, quando um grito de alerta é dado, os integrantes do governo se reúnem, cada qual dando o seu palpite, que não vale nada e de nada adianta, pois a devastação na Amazônia vai continuar, se não agora, daqui a alguns meses.
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nos últimos cinco meses de 2007, foram derrubados 3.233 km quadrados de floresta amazônica. O Inpe afirma que a área pode ser ainda maior, talvez o dobro, mais de 6.000 Km quadrados _ é várias vezes o tamanho do Estado de São Paulo. Em suma, a Amazônia está perdida, como o pulmão do mundo que o Brasil não soube fechar a tempo, para impedir esse recorde de desmatamento que asfixia todos os brasileiros cientes da importância do abandono daquela área. A exploração econômica é a causadora de toda a brutalidade cometida contra a região.
Numerosos estudos foram publicados pelas editoras nacionais e internacionais sobre a Amazônia e o que deveria ser feito para defendê-la. Nada disso adiantou e até parece que o Brasil não tem dirigentes capazes de se apossarem de um problema e levá-lo para frente, apresentando soluções ao governo.
Para se ter uma idéia desse desmatamento atual, citamos a manchete do jornal O Globo da última quinta-feira, dia 24, que o dá como recorde após três anos de queda. Os destruidores da Amazônia não cogitaram das advertências científicas sobre a riqueza ali acumulada nas espécies vegetais próprias para o uso farmacêutico e nem sobre as espécies animais ameaçadas de extinção.
Tudo isso foi abaixo para recompensar os donos das áreas que servem para o plantio de soja e criação de gado, aproveitando a alta dos produtos da pecuária e da soja. O capitalismo não deve ser alvo de inquéritos sobre culpabilidade, mas sim o governo que só agora resolveu fazer uma reunião apressada para tratar de um assunto tão grave. É isso o que tenho a dizer sobre o lamentável desmatamento da Amazônia!
Diário do Comércio (SP) 28/1/2008