RIO DE JANEIRO - Foi divulgada uma lista internacional sobre os países que mais se dedicam ao estudo da matemática. Para variar, o Brasil está pessimamente cotado. Não somos um povo amante dos números. Tirante os bicheiros, que são capazes de inverter um milhar por sete lados, e os técnicos que fazem a contagem de tempo de serviço dos candidatos à aposentadoria, somos frouxos ou vagos quando o problema envolve cifras e prazos.
Houve tempo em que o pessoal da área econômica optou por uma fórmula cômoda, adotando a expressão "alguma coisa em torno de 20% ou 25%". O rigor de uma ciência exata, como a matemática, nunca foi cultivado pelos governantes e governados.
E agora sabemos que as novas gerações continuam na mesma. Na semana passada, foi divulgado que alunos de um vestibular não sabiam fazer as quatro operações básicas, empacavam na hora de dividir.
Eu não devia estar falando nesse assunto. Mal e porcamente consegui chegar à regra de três e considero uma façanha pessoal ter chegado a tal e tanto. Mas sempre que falam em matemática lembro uma sacada de Hitler, nada mais nada menos do que o próprio.
Questionado sobre como um povo de arianos, com uns 50 milhões de espécimes da raça pura, poderia policiar a humanidade, que, à época andava em "alguma coisa em torno" de 4 bilhões", Hitler respondeu em seu livro: Dominando o mundo e todas as raças impuras -eslavos, latinos, judeus e negros-, uma pequena minoria da raça nobre não precisaria ficar nas esquinas e nas ruas como um policial em serviço. Bastaria que os povos inferiores fossem proibidos de chegar à matemática e só pudessem estudar aritmética.
Não faltariam operários, soldados e empregados domésticos, que saberiam fazer as quatro operações.
Folha de S. Paulo (SP) 6/12/2007