Para ficar nas duas grandes cidades brasileiras, São Paulo e Rio, sabemos, com a certeza possível que a história nos dá, que ambas são quatrocentonas, têm mais de 400 anos nas costas e nas ruas. A primeira é de 1554. A segunda, de 1565 (se alguém duvidar dessas datas, faça o que acabei de fazer: consulte o Google).
Tive um bom motivo para acessar a enciclopédia virtual que nos livra de qualquer dúvida inesperada: com o fim da campanha eleitoral para prefeito e vereadores das duas cidades, fiz um balanço do que ouvira e lera e cheguei à conclusão de que, ou o Google está errado, ou os candidatos é que estão por fora.
A impressão que me ficou é que as duas cidades não chegam a existir realmente. Tudo está para ser feito: ruas, estradas, hospitais, escolas, parques, delegacias, áreas de lazer, bicas d’água, creches, coleta de lixo, vigilância urbana. Somente agora, com os novos vereadores e prefeitos, é que as coisas andarão e tanto os paulistas como os cariocas desfrutarão de uma cidade limpa, organizada, segura e digna de nossos filhos e netos.
Um rápido exame nas propostas apresentadas por todos os partidos, tendências e dissidências políticas, revela a necessidade de fazer tudo de novo, uma vez que nada até agora foi feito. A promessa de uma idade de ouro foi a constante dos discursos e entrevistas dos candidatos, que deram a impressão de acreditarem no que estavam prometendo. Se alguma coisa der errado, a culpa será dos outros. Daí a necessidade de votar bem, com a consciência cívica de cada um.
Os problemas são recorrentes, desde os tempos de Anchieta e de Estácio de Sá. Apesar de tudo, as cidades cresceram e ganharam a absurda certeza de que, a cada eleição municipal, tudo poderá ficar na mesma.
Jornal do Commercio (RJ) 07/10/2008