Estamos fartos de comentar que o Brasil apresenta singular irregularidade na sua distribuição social, mostrando altas fortunas e ignóbil miséria. Enquanto uma enaltece o desenvolvimento do País, a outra enodoa o ufanismo ainda vivo, desde que o Conde de Afonso Celso escreveu o livrinho Porque me ufano de meu país.
Seguramente, teremos aumentos de impostos em muito breve, ainda no mandato do atual Congresso. O nosso DC noticiou que 1 milhão de brasileiros são contra a CPMF. É um imposto que deveria ser provisório, mas ficou definitivo, pois o Leão tem um apetite insaciável: morde todos que discordam, por vias lógicas e conhecidas, dos abusivos impostos sobre cada um de nós, que não temos a quem recorrer se não a boa vontade da imprensa e dos movimentos populares.
Já está assentado entre os cultivadores da matéria tributária que quanto menor for o imposto dos súditos, melhor será a divisão de rendas. Sabe-se que isso não acontece no Brasil. Aqui o Estado é guloso demais e quer impostos sempre renovados, ou novos, para satisfazer o delírio dos homens públicos, que distribuem sem técnica e sem preparo verbas vultosas em aplicações duvidosas.
Esse choque de impostos a que se refere o título desse artigo tem arrancado mais dos menos favorecidos do que dos ricos, que pagam o Imposto de Renda, os impostos periódicos, estaduais, municipais e federais, uma tributação tripla que exaure boa parte dos orçamentos domésticos, condenando as classes pobres a se alimentarem mal e a se educarem também mal, ou a não se educarem de todo.
Ficam aqui as considerações sobre o excesso de tributarismo no Brasil, retrato de governos ineptos. Esse é o impacto que causa o choque de impostos de que falo no título.
Diário do Comércio (SP) 5/9/2007