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Fechando o cerco

 

O caso Renan serviu para despertar o brio brasileiro e colocou o presidente do Senado em má situação.


Quando, alguns dias atrás, escrevi que o caso Renan Calheiros estava enjoativo, enganei-me, pois o cerco só se fecha com a Justiça investigando a vida pregressa do ebuliente presidente do Senado. Agora, o Superior Tribunal de Justiça vai investigar a vida e enriquecimento rápido do senador e dar a sua sentença sobre divertido político.


O que se vê na investigação da vida do senador, felizmente, é o interesse pela instituição que ele ainda representa. O Senado não pode ficar maculado nessa era das grandes comunicações e num momento de transição política acentuada como a atual. Tudo o que se deveria dizer a respeito do senador Renan Calheiros já foi dito, vindo agora apenas a informação sobre a aquisição em surdina de órgãos de comunicação em Alagoas.


Já citei numerosas vezes nesta coluna o estudo alentado sobre o Senado do Império do conhecido professor Taunay. Aquela Casa de representação política emerge com brilho na fase imperial e mesmo no período republicano ela foi sempre respeitada, como instituição digna de todos os encômios.


O Senado foi sempre respeitado, nos tempos do velho Partido Republicano ou posteriormente, no período getulino - que foi extenso - e, finalmente, nos sucessivos períodos à partir da Constituição de 1946.


Não será, portanto, o caso Renan Calheiros que fará decair essa instituição, ao se engolfar na mesma lama que atingiu outros políticos e outras instituições políticas, por culpa de políticos que delas não cuidaram. Esse é um motivo pelo qual a reforma política deve preceder a todas as outras, fortalecendo desde logo a instituição política democrática brasileira como queremos e,assim, se firmar a Nação, que já passou por tantas revoluções, tantas mudanças de regime, que as novas gerações não compreendem ao estudá-la.


O caso Renan Calheiros serviu para despertar o brio brasileiro, que saiu fortalecido nas sucessivas investigações e colocou o presidente do Senado em má situação.


Diário do Comércio (SP) 9/8/2007