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A culpa do senador

 

O caso Renan está enjoativo. Chegamos naquela fase que antecede o vômito, aguardando o momento decisivo do alívio estomacal.


Não fosse o senador Renan Calheiros o culpado da crise do Senado, já seria tempo de arquivar o seu processo e não teria havido intervenções políticas tentando salvá-lo, nem queda de presidentes do Conselho de Ética, e muito menos a efervescência dos meios de comunicação, que querem defender o Congresso até onde for possível, o que é difícil de se prever. Para dizer a verdade, o caso Renan está enjoativo, naquela fase que aproxima-se o vômito e fica-se aguardando o momento decisivo do alívio estomacal. É onde chegamos.


Evidentemente, Renan Calheiros espera ser absolvido em tudo. Todos os meios de comunicação foram mobilizados para tratar de seu caso, que foi especulado totalmente, não deixando nada para exculpá-lo. O que o ainda senador Renan Calheiros deveria fazer é demitir-se da posição que ocupa e tomar o caminho de casa, indo pedir perdão à mulher sobre a traição que lhe impôs e o labéu que lhe afixou a família, agora para sempre, enquanto houver memória nesta terra.


Rui Barbosa, numa de suas páginas luminosas - aquela que começa com a frase De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto(cito de memória) - Rui alongou-se no elogio a Dom Pedro II que não permitia sem-vergonhices nas instituições políticas brasileira, onde o Conselho de Estado não conviveria com a falta de vergonha como está ocorrendo no Brasil de nossos dias.


Esse é um velho e grave problema: para a opinião pública, conforme ficou provado pela consulta de opinião de um grande semanário, o descrédito geral que paira sobre as instituições se concentra maiormente nas casas do Congresso, o que é penoso para qualquer jornalista veicular.


Esse era o assunto que eu tinha a dizer sobre o infeliz senador. Está dito!


Diário do Comércio (SP) 2/7/2007