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O tipo legendário

 

Hugo Chávez não quer oposição e não quer críticas. Quer apenas o pleno domínio da Venezuela.


Quando Hugo Chávez empolgou a Venezuela, naturalmente lhe veio à cabeça uma figura legendária da política latino-americana, o caudilho que influenciou Rosas e Facundo na Argentina, dois símbolos que sucederam a administração e o comando das forças espanholas espalhadas pelo continente. Agora, estamos com um novo caudilho, usando o petróleo como instrumento de ação, fazendo assim a sua política pessoal, que acaba culminando na ditadura plena, muito ao gosto dos políticos latino-americanos de fala espanhola.


Hugo Chávez não tem méritos para dirigir uma nação, o poder foi-lhe às mãos por acaso e, uma vez com as forças liberadas à sua disposição, começou a trabalhar em causa própria, tornando-se um cucaracha fanático pelo poder e ameaçador do continente, onde dirige um único país mas influencia outros graças ao esquerdismo que culminará, se não for interrompido, na ditadura plena.


O continente latino-americano se presta às ditaduras plenas como essa, que já se esboça no horizonte de cada país, tendo esquerdistas no governo. Hugo Chávez já tirou do ar a emissora RCTV, um dos atos ditatoriais que praticou recentemente, e anuncia outros atos iguais a esse. Não quer oposição e não quer críticas, em suma, quer apenas com o poder nas mãos, o domínio pleno da administração pública venezuelana.


É um velho hábito esse, dos sicários latino-americanos, como Fidel Castro, o que mais se destacou na linha do caudilhismo. É uma pena Chávez não se moldar à democracia representativa, numa nação desguarnecida de defesas intelectuais e de longa política democrática. Veremos que esse lapso, que se abre agora com Hugo Chávez, fechar-se-á no futuro sem benefício algum ao povo venezuelano.


Diário do Comércio (SP) 15/6/2007