O Brasil é um problema. Não vejo como minha geração tem ainda forças para resolvê-lo a contento.
Arevista Digesto Econômico, publicada pela Associação Comercial de São Paulo, deu a público um número otimista sobre a economia brasileira, basta lê-lo para ficar entusiasmado com o País. Mas a realidade é a seguinte: os desníveis sociais continuam a desafiar os governos que se sucedem no poder. O desenvolvimento das regiões do País está morosamente em passo de boi, andando devagar. Os escândalos se sucedem na política, a economia não dá sinais de reação verdadeira, não se sabe se por desconfiança dos empresários, o que não é válido, muito ao contrário, ou se o estágio em que economicamente nos encontramos está abaixo das necessidades do País.
Falou-se muito da reforma política que iria fortalecer a economia, mas essa reforma foi adiada, pois não se trata simplesmente de mudança de ministério, mas de um atravessamento de alto a baixo da nação inteira, que passe a outro plano de vida, com intensa mobilização para o desenvolvimento com o arranco decisivo. Na realidade, o Brasil tem tudo para se projetar no mundo como uma das grandes potências e não o faz por motivos político-partidários, que exigem uma outra perspectiva para dar-lhe o fundamento cívico como a nação espera de seus partidos políticos.
O Brasil tem todas as riquezas, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, compreendendo nesse vasto panorama os estados do Oeste já integrados na realidade nacional. Na verdade, por mais que nos esforcemos vem um documento do Fundo Monetário Internacional (FMI) e nos coloca em situação inferior, de onde não podemos nos lançar à altura da China, dos EUA, da União Européia e de parte do continente latino-americano que está em plena expansão. O que fazer para levantar esse gigante tão bem servido pela natureza e que está numa situação promissora e não acerta o passo com nenhum deles? O Brasil é um problema.
Não vejo como a minha geração tem ainda forças para resolvê-lo a contento.
Diário do Comércio (SP) 20/4/2007