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O fim da reeleição

 

Tenho escrito várias vezes nesta coluna contra a reeleição. Até agora inutilmente o fiz, pois as reeleições pegaram bem nos candidatos que contam com eleitorado seguro, como se dá, por exemplo, com o presidente Lula, que mostrou na sua reeleição uma força eleitoral acima do normal. Evidentemente, o mandato de Lula está sendo cumprido com imperfeições, por subir ele ao Planalto completamente destituído de informações sobre o presidencialismo, no qual estamos há mais de cem anos, com exercícios sucessivos de governos eleitos pelo voto secreto e universal, com presidentes saturados de votos obtidos nas urnas depois de uma intensa campanha presidencial.


A experiência convenceu-nos de que a tradição brasileira deve ser respeitada, isto é, deve ser mantido o voto majoritário para um único período, para o qual poderá voltar o candidato derrotado na eleição singular se o povo entender que ele merece os votos da maioria. Temos o exemplo americano, mas lá o presidencialismo não sofreu interrupções como na América Latina. A única nação poupada na divisão de sua estrutura política foram os EUA. Os demais adeptos do presidencialismo americano acabaram convencidos, há quatro, cinco ou seis anos , de que não se institucionaliza o sistema.


A política tem ladeiras, como se vê atualmente no mundo, e a única potência a permanecer inteira, não obstante os atentados que atingiram chefes de Estado, são os Estados Unidos da América do Norte. Dirse-á que essas ladeiras não cansam por serem pequenas, mas percorridas diariamente, no exercício faustoso das instituições políticas, acabam demonstrando que seria preciso uma reforma total na política dos países, que adotaram o sistema americano, para evitar a quebra do princípio institucional ali estabelecido.


Diário do Comércio (SP) 24/4/2007