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A doação de Mindlin

 

Tive o prazer de votar na Academia Brasileira de Letras em José Mindlin para sucessor do grande romancista Josué Montello. Mindlin foi levado à mais alta expressão da cultura brasileira pelo seu amor à bibliofilia e à leitura das obras acumuladas pelo seu gênio imprevisto em encontrar volumes necessários para uma biblioteca de consulta. Mindlin diz que todos passam, como passou sua carinhosa esposa, Dona Guita, menos os livros, que ficam para consulta de gerações e mais gerações que virão.


Agora foi a vez do Instituto de Estudos Brasileiros (da Universidade de São Paulo) de receber um lote de valiosas obras da série brasiliana e similares, colecionadas ao longo dos anos por esse notável bibliófilo e leitor, para o qual seus 92 anos não contam, pois tem a mesma mobilidade do passado.


O Instituto de Estudos Brasileiros , agregado à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, já tem a biblioteca de J. F. de Almeida Prado, um dos maiores historiadores brasileiros, polígrafo, romancista, cronista e outras virtudes. A faculdade pode se orgulhar de possuir uma coleção ímpar, pelo seu número de volumes, pela qualidade das obras e, acentuo, sem paralelo em nenhuma instituição brasileira. Com esta doação de Mindlin e de seus filhos o Instituto se vê enriquecido por uma doação da maior magnitude, pois se trata de obras necessárias ao estudo de problemas brasileiros e da História do Brasil.


Cidadãos como José Mindlin e, como foram no passado, J. F. de Almeida Prado, Sérgio Buarque de Holanda, Mário de Andrade e outros de quem peço desculpas por não me lembrar, merecem ser homenageados com elogios pelo muito que fizeram para a promoção da cultura brasileira.


Diário do Commercio (SP) 15/12/2006

Diário do Commercio (SP), 15/12/2006