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Vilaça: Virtuoso e Virtual

 

Se há um setor que provoca encantamento, nas ações de Marcos Vinicious Vilaça, no comando da Academia Brasileira de Letras, é o que se refere ao mundo da cibernética.


A ABL remoçou, nos últimos anos, com a sua adesão aos sites, internet, videoconferências, satélite, como se vivesse em outro planeta, impossível de prever no início dos seus 110 anos de vida.


Da pena molhada no tinteiro de Machado de Assis até a criação de um Banco de Dados, em 1986, decorreu o tempo em que o País saiu de uma economia dependente para conhecer os benefícios da expansão científica e tecnológica. É possível lembrar o dia em que o presidente Austregésilo de Athayde sentou-se à frente de um computador, segundo ele só para tirar fotos, e deslizou os dedos endurecidos pelo tempo nos teclados maravilhosos da máquina, até então um belo mistério a ser desvendado.


Hoje, a Academia dispõe da mais moderna biblioteca inteligente do Brasil, com os seus valiosos 55 mil volumes, todos cadastrados em fonte eletrônica, para prestar serviços à comunidade. Vilaça, que começou com medo dos computadores, quer colocar tudo isso a serviço da educação, nossa primeira e maior necessidade. Assim se amplia o caráter democrático da entidade, afastando as críticas de que ela seria pura e simplesmente feita para as nossas elites.


O portal da ABL foi criado em 30 de junho de 2006, com 1,6 milhão de páginas visitadas por 326 mil pessoas. Trata-se de uma bonita performance, de resultados crescentes, como se pode esperar do segundo mandato de Marcos Vilaça, pernambucano do interior, que se tornou carioca por adoção. Trouxe para essa dualidade a sua doce companheira Maria do Carmo, batizada por José Sarney, grande amigo, de Baronesa de Limoeiro. Um casal que se orgulha dos filhos e netos e que soube enfrentar as vicissitudes da vida com um invejável e comentado espírito de solidariedade e respeito aos desígnios do destino.


Ministro do Tribunal de Contas da União desde 1988 e na ABL desde 1985, sendo, pois, um dos mais antigos imortais, Vilaça faz o tempo se multiplicar, dedicando-se ainda às edições estrangeiras do seu clássico “Coronel, Coronéis”. O que o levou sem grande dificuldade a amar a literatura de cordel do seu povo. Não se estranha que no site de relacionamento Orkut, há várias comunidades cordelistas. É a presença permanente da cultura popular inclusive nos modernos meios eletrônicos. “Por que a Academia deveria desconhecer o fenômeno?”


Outro fato impressionante é a devoção do presidente aos cursos que são dados às terças-feiras, com notável comparecimento de alunos de Letras, professores e simples admiradores dos conferencistas. O carro-chefe foi o seminário “Brasil, Brasis”. Mas tivemos também “Literatura e Futebol”, em que pudemos contar a história dos grandes torcedores do América F.C. que passaram pela Casa de Machado de Assis, e mais “Literatura e Culinária”, “Literatura e Jornalismo”, “Razão e espiritualidade”, além de inúmeras e concorridas mesas-redondas. Não se poderia desejar mais de uma primeira gestão.