Todos os projetos desenvolvidos pela Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro têm que estar ligados ao desenvolvimento econômico, ao mercado de trabalho, representado pelas empresas que se instalaram no estado. Essa é uma preocupação e uma orientação da governadora Rosinha Garotinho. Todo treinamento de professores tem o condão de respeitar essa proposta. Queremos que os professores aperfeiçoem suas performances junto aos alunos e que tenham os olhos para fora da escola, com foco na atração dos pais e dos empresários. A Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro é a terceira maior empresa do país: são 1 milhão e 600 mil alunos, que recebem duas refeições diárias, 80 mil professores e 20 mil no pessoal de apoio. Só perdemos para as secretarias de educação de São Paulo e de Minas Gerais.
O que falta para a educação se tornar mais atrativa e conquistar o empresariado é a melhor remuneração dos professores, que se encontram há 11 anos sem aumento efetivo. Um novo plano de carreira para o magistério precisa ser mesmo a prioridade. Outro objetivo importante a ser alcançado é o tempo integral nas escolas. Hoje, temos apenas 137 escolas nesse sistema. Devemos terminar o ano com mais 50, deixando planejamento para chegar a 100 no final do ano que vem. Não é possível educar um jovem ou uma criança dando apenas quatro horas de aula por dia. No mundo desenvolvido, é o dobro. A carga horária de quatro horas é uma aberração. Inclusive, ficamos sacrificados quando comparados com a Argentina, México e Chile.
A iniciativa privada não pode se dissociar da relação ensino-aprendizagem, mas sim estar próxima, proclamar quais as suas necessidades. É interessante também que os empresários projetem o futuro das suas atividades para favorecer os caminhos que devemos tomar na condução dos destinos da educação. Não gostamos da opção de algumas empresas, que “adotam” escolas, colocando recursos para sua sobrevivência. Isso é um equívoco. Isso deveria ser feito de forma sistêmica, de tal maneira que contemple todas as escolas. Seria mais fácil para as empresas se entenderem com o governo, que determinaria quanto elas deveriam disponibilizar para as unidades escolares, mas de forma ampla. Resumindo: a decisão de “adotar” escolas não é democrática, transgride o capítulo da Constituição que diz que os privilégios são proibidos. Por que esta ou aquela escola, e não todas? A isso chamamos de assistencialismo empresarial. Já existem mecanismos para incentivo de centros de pesquisa e incubadoras de empresas, tanto na Finep quanto no BNDES. Seria muito bom que ambos se juntassem e fizessem um grande projeto para os próximos quatro anos, por exemplo. Todos ganhariam.
Em termos de futuro, é preciso estar atento a uma correta preparação para a “era da inclusão digital”. O Rio de Janeiro, com os especialistas que tem e abrigando a sede da Rede Globo, a quarta maior rede de televisão aberta do mundo, está prestes a sofrer um “choque de modernidade”, com a introdução da TV digital nos nossos procedimentos de comunicação. Trata-se de um assunto que estamos estudando em Brasília, no Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional. Precisamos estar mais atualizados em relação ao que se passa. A PUC-RJ, por exemplo, está à frente das outras instituições universitárias nesse setor. Já definimos, através do sistema nipo-brasileiro, qual será o hardware, e agora, temos que pensar nos conversores e no software pedagógico. Em breve, teremos no conteúdo das televisões uma característica digital de qualidade, de alta definição, de interatividade. A educação terá à sua disposição as melhores imagens, e será possível fazer perguntas ao vivo aos professores, com respostas em tempo real. É o que prevê o Decreto no 5.820, de 29/6/06, que garante a existência de quatro novos canais digitais: Poder Executivo, Educação, Cultura e Cidadania (Artigo 13).