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Os números não mentem

 

O Estado do Rio de Janeiro é a capital cultural do Brasil e também a segunda unidade da Federação em matéria de PIB, só perdendo para Brasília, que é favorecida pela ação do governo federal. Existe uma balela de que o Estado está sofrendo um processo de esvaziamento econômico. Não é isso que os números revelam, como mostraremos a seguir.


Há um processo de industrialização acelerado em curso, com muitas indústrias se instalando, sobretudo no interior fluminense, garantindo a ampliação da oferta de postos de trabalho. O pólo petroquímico no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, uma região pobre, vai gerar mais de 20 mil empregos. O pólo de cosmético, em Nova Iguaçu, na mesma região, com grande apropriação de recursos humanos, está exportando para toda a América Latina. Em breve, a alemã Thyssen Krupp vai construir uma unidade no interior, ampliando as chances para os nossos jovens.


Não podemos deixar de citar a Petrobras, que precisa, até 2008, de 70 mil técnicos trabalhando no eixo São Gonçalo-Itaboraí, em função de refinaria petroquímica prevista para aquela região. Propus a criação de um grupo de trabalho misto, para que o Estado do Rio e a estatal se dessem as mãos e pensassem na implantação de um grande complexo educacional, com a maior rapidez possível, a fim de que dentro de um ano e meio a dois anos possamos ter a demanda atendida.


O Rio de Janeiro continua a ter o melhor índice médio de instrução. O recente Prova Brasil, realizado de forma insuspeita pelo Ministério da Educação, mostrou que as nossas escolas de 4ª série, por exemplo, são as melhores do país em Português e Matemática. Foram duas escolas do interior - uma de São Sebastião do Alto e outra de Trajano de Moraes -, as que alcançaram os melhores índices. Cerca de 3 milhões e 300 mil alunos participaram do Prova Brasil. Já as escolas médias, em todo o Estado, já somam quase 500, e estão sofrendo hoje um "choque de modernidade", com muitas obras de reformas e ampliação. Estamos procurando diminuir a distância que existe entre a formação dos alunos, mesmo em nível intermediário, e o acesso ao mercado de trabalho.


A educação sempre foi um diferencial competitivo do Rio de Janeiro. Durante alguns séculos, fomos a capital do país e aqui sempre houve a melhor produção intelectual. Este fato foi um pólo de atração, sem contar, é claro, que se trata de uma vocação da região. As grandes instituições científicas ainda estão aqui. É o caso da Refinaria de Manguinhos, do Instituto Vital Brasil, do Observatório Nacional e do laboratório de pesquisas da Petrobras, além da Academia Brasileira de Letras, Biblioteca Nacional e Museu Nacional de Belas Artes. Quem é que pode competir conosco? Isso dá uma massa crítica de cientistas e homens de cultura que nenhum outro Estado possui na mesma proporção.


Recentemente, a Firjan - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro - lançou o Mapa do Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro, com uma série lamentável de omissões. O estudo desconheceu a contribuição do governo do Estado para o crescimento econômico, atribuindo tudo a um milagre federal. Não tomou conhecimento da cultura, que no Rio é fundamental, e no capítulo dedicado à educação não fala uma linha sobre questões importantes.


O documento cita o aperfeiçoamento do ensino fundamental e a redução do índice de analfabetismo. Tudo isso é lugar comum. Temos que ampliar oportunidades, principalmente no ensino médio, e valorizar o magistério, para que, com a dedicação que é peculiar aos professores e especialistas, possa incentivar cada vez mais os alunos ao aprendizado.


Jornal do Brasil (RJ) 22/11/2006

Jornal do Brasil (RJ), 22/11/2006