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A grande virada

 

Numa palestra no Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, o professor Frederic Litto, diretor da Escola do Futuro, fez uma série de considerações de grande relevo para os que se debruçam sobre as nossas perspectivas no mundo globalizado. Há, hoje, dezenas de pedagogias variadas (não uma só), dada a organização diferente de cada cérebro, pela disposição nunca repetida de neurônios. Se é possível concordar com o dito “em cada cabeça, uma sentença”, como aceitar a apreensão de conhecimentos diferenciados, pelo mesmo e falsamente homogêneo grupo de pessoas?




Veja-se o caso do vestibular ou das provas elaboradas pelo MEC, iguais para todos. O pior é que o fato se agrava em virtude da relativa morosidade com que são tratados os conhecimentos, nas escolas, sem a atualização devida. O MEC mandou avisar que só poderá promover alterações nos milhões de livros didáticos que distribui gratuitamente a partir do ano letivo de 2008. Enquanto isso, professores e alunos trabalharão com livros defasados, o que reduz a sua credibilidade. Os exemplos poderiam ser muitos.


Aí, entra o conceito de educação à distância. Com maior mobilidade e efeitos instantâneos, a mescla do presencial com o virtual seria inteligente, como já se adota em países pós-industrializados, como os Estados Unidos, a Inglaterra, a Espanha, Austrália, o Canadá, etc. Aliás, na Austrália, há cursos totalmente à distância, no ensino superior, onde praticamente se dispensa até a colaboração do professor. O aluno aprende de acordo com o seu próprio ritmo.


Sabido que a educação via Web tem apenas 10 anos, é de se louvar o progresso rapidíssimo vivido por essa modalidade. Os alunos e os formados têm necessidade de se atualizar de seis em seis meses - e isso pode ser feito em casa, com um processo de educação just-in-time (na hora certa). A Universidade Indira Gandhi, na Índia, tem hoje um milhão e meio de alunos. É a maior do mundo, operando à distância, numa prova de que devemos prestar também muita atenção às perspectivas das megauniversidades.


 


Elas virão com muita força, para tomar o seu lugar.


O Brasil dispõe de 3 milhões de pessoas trabalhando em casa e utilizando os dispositivos da educação à distância. O número pode parecer exagerado, mas não é. Segundo dados da Escola do Futuro, 200 mil podem ser encontrados nos cursos universitários, 100 mil em cursos por correspondência (de longa tradição), um milhão e meio nas empresas, 600 mil no Telecurso 2000, 300 mil aprendendo na internet (com acesso via redes) e 300 mil por intermédio do competente Sistema S (Senac, Sesc, etc).


 


Se quisermos levar a discussão para o sentido de negócio, veja-se o que ocorre com a Universidade Phoenix, nos Estados Unidos. Suas ações valem 7 bilhões de dólares na Bolsa de Nova Iorque.


Na situação em que nos encontramos, “levamos um banho” de países como a Argentina, o Chile e o México, no que se refere ao atendimento à clientela dos 15 aos 24 anos de idade. Isso para não citar a Coréia do Sul, que tem 85% dos seus jovens, nessa faixa etária, freqüentando os cursos superiores. O Brasil tem menos de 10%. Não é hora de uma grande virada, a propósito do novo Governo?


 


O Estado do Maranhão (São Luís) 05/10/2006

O Estado do Maranhão (São Luís), 05/10/2006