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Temporada de palpites

 

Pensando bem, e com exceção de casos isolados nos diversos níveis das eleições de domingo, os resultados eram mais ou menos esperados: sobretudo a queda de Lula e a surpreendente arrancada final de Alckmin.Tenho a impressão de que, se a eleição fosse daqui a uma semana, Lula nem chegaria ao segundo turno. Embora não comprometido fisicamente com a novela do dossiê com que o PT tentava bombardear o PSDB, Lula pegou as sobras e pegará outras tantas à medida que as investigações prossigam até uma apuração final e fatal para o PT.Curiosamente, o papel de Lula foi muito mais ambíguo no caso do mensalão. Ele garantiu e garante até hoje não ter nada com a corrupção que marcou os últimos meses de seu primeiro mandato. Quanto ao dossiê, me parece um fantasma, pois ninguém viu, ninguém leu, ninguém sabe se existe mesmo, mas produziu o fato incontestável do dinheiro que veio de fora para dar uma desastrada ajuda aos interesses petistas de torpedear as candidaturas tucanas. É difícil acreditar que Lula esteja envolvido nessa lambança eleitoral, como é difícil acreditar que ele esteja inocente das lambanças anteriores.Em todo caso, a lambança do dossiê foi de tal ordem que sobrou para todos do PT, inclusive para seu presidente de honra. Ele terá menos de um mês para recuperar a sua imagem de traído e abandonado pelo próprio partido que criou.


Outra consideração a ser feita a respeito da eleição de domingo é a divisão que ficou nítida entre dois Brasis quase antagônicos. A surpreendente votação de Alckmin não se deve a suas virtudes e feitos, mas a uma tendência da centro-direita a ocupar o espaço que há décadas estava em poder da centro-esquerda.Fica aberta a nova temporada dos palpites.


 


Folha de são Paulo (São Paulo) 03/10/2006

Folha de são Paulo (São Paulo), 03/10/2006