Um dos fatores da estabilidade da moeda é o seu poder de compra estar garantido para os salários das primeiras vítimas dos desencontros inflacionários, ou seja, os trabalhadores, com a sua oprobriosa desventura de viver num ambiente como o que nos acompanhou durante anos, de inflação alta. Felizmente, esse período já passou e faz parte da sociedade enferma que conseguiu se tratar com esforços dos agentes econômicos e financeiros, aos quais foram confiados os destinos da Nação. Não demos importância às técnicas adventícias. O trabalhador brasileiro suportou uma situação inflacionária prolongada, que beneficiou não poucos operadores de investimento nas Bolsas de Valores, sem que pudéssemos atirar-lhes a prancha salvadora.
Esse brutal período do nosso cenário econômico-financeiro ficou para trás e outros lidadores dos fenômenos econômicos que nos atenazam não serão atingidos, e com isso ficará livre o salário do trabalhador da perda de capacidade aquisitiva; vale dizer, quando mostra-se a fome e a sua realidade, que não é desejada por ninguém do País.
Releva notar que a política econômico- financeira e seus governos se sucederam no ápice do mandato e não se capacitaram, e deixaram viver como uma força viva (e não morta em fase de transição para a morte. A inflação tanto nos agitou em poucos anos e não soçobrou por regime graças, exclusivamente, à resistência passiva nos instrumentos postos em função pela política de saneamento monetário.
É o que temos a dizer desta época, já trasladada, das agruras de uma vertiginosa inflação que ficou nas dobras do passado e que só voltará se os governos descuidarem das operações que devem realizar para nos defender.
Diário do Comércio (São Paulo) 12/07/2006