A difusão da Psicologia como ciência pelas universidades americanas no começo do século XX deu origem a um ramo dela, a Psicologia Social, estudo psicológico do fatos sociais, numa época dos Estados Unidos em que a humanização crescente criava problemas que precisam ser analisados cientificamente por uma ciência já codificada.
Foi mais ou menos assim, sumariamente falando, que da Psicologia Social derivaram para sondagens de opinião em diversos setores de atividades, como a política, a economia, o esporte, o cinema, e outras. Ao Brasil chegaram ali pelos anos 40, quando um instituto se destacou pela sua incursão em vários setores que lhe deram prestígio, o Ibope, prestígio este mantido até hoje.
As sondagens de opinião não são diretivas, são simulantes, pois nenhum político, comerciante, industrial ou esportista confia totalmente nos resultados das sondagens efetuadas.
Um exemplo dessa particularidade é dado pelo editorial principal do jornal O Estado de S. Paulo de sexta-feira última, comentando a sondagem de opinião na disputa pela prefeitura de São Paulo entre Fernando Henrique Cardoso e Jânio Quadros. Reportagem de televisão dava a vitória ao primeiro, quando o segundo ganhou a Prefeitura, e muito ao seu modo mandou desinfetar a sala onde o seu concorrente havia sido fotografado.
Isto vem a propósito da posição de José Serra em face de Lula. Não há dúvida que a posição de José Serra é muito boa, mas não há dúvida, também, que uma virada várias vezes ocorridas pode se intrometer na carreira do melhor situado em favor do atual presidente da República.
Em suma, sondagens de opinião são apenas captadoras de tendências em determinado momento, nunca definitivas, como têm provado inúmeras mudanças de última hora em pleitos eleitorais.
Diário do Comércio (São Paulo) 20/12/2005