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A reeleição

 

A tradição brasileira firmou-se nos mandatos de um só pleito em quatro anos, evidentemente decalcado dos Estados Unidos. Foi assim desde o primeiro mandato, do Marechal Deodoro da Fonseca. Depois da queda de Getúlio Vargas, em 45, foi adotado o mandato em cinco anos, prolongado para seis anos no último governo dos generais.


A reeleição foi introduzida por Fernando Henrique Cardoso sobre o pretexto de que quatro anos é um tempo curto para a realização de vários projetos de governo, principalmente os de caráter desenvolvimentista.


Tudo são argumentos para justificar a reeleição, que, no entanto, em nosso país descambou para a exploração demagógica do poder, para assegurar a continuidade.


Pelo noticiário dos meios de comunicação, o presidente Lula está se preparando para fazer intensa campanha com a finalidade de se reeleger.


Considere-se predestinado ou não, Lula quer aproveitar o poder ao máximo, inclusive, sem dúvida, de suas benesses, dentre as quais se destaca a viagem pelo mundo em um majestoso Airbus.


Fomos e somos contrários à reeleição no Brasil. Num regime presidencial mal institucionalizado, como demonstrei no livro A crise da República Presidencial , a reeleição favorece muito o titular em exercício, que se aproveita da ascendência do poder para permanecer no cargo.


O presidente Lula já declarou mais de uma vez que também proferiu o Fico e que irá até o fim do seu mandato. Pelo que se deduz do trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito e por suas declarações à imprensa, especialmente no programa Roda Viva , ele está com a consciência tranqüila.


Não entro neste cipoal, que fica para futuras revelações sobre um mandato exercido em crise pesada. O que nos interessa é condenar a reeleição por uso imoderado do poder demagógico em favor do candidato no posto.




Diário do Comércio (São Paulo) 16/11/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 16/11/2005