Evidentemente, Palocci não é insubstituível, sobretudo num regime sincopado como o presidencialista, em vigor no Brasil.
Todos os ministros, seja qual for a pasta, são substituíveis e assim tem sido através da movimentada história da República, mas, ainda que visado, há momentos em que não convém uma substituição de ministro, no caso Palocci, que estava sendo sutilmente fritado, inclusive pelo fogo amigo da ministra-guerrilheira da Casa Civil.
O que se deseja a respeito do ministério e do ministro é que ele seja conservado no cargo até assentar a poeira, já levantada e quase posta em turbilhão nos poucos dias em que se arrasta a esteira de rumores e boatos concernentes ao titular.
Lembremos que opiniões autorizadas e valiosas sobre a nomeação de Palocci para o Ministério da Fazenda caucionaram o exercício de sua designação.
Palocci não é economista, é médico, não tinha traquejo com capitais mas era típico produto do interior, no qual se conserva sempre nas atitudes, nas maneiras e no jeito de ser dos homens interioranos. Não é também presunçoso, como os licenciados em universidades estrangeiras, principalmente americanas, que se consideram os donos da economia. É um homem prático, dedicado ao Presidente da República, com noções genéricas de economia, de inflação e de outros fenômenos da área.
Delfim Neto, por exemplo, elogiou muito sua escolha em artigo por nós publicado. É esse dono do horse sense , muito comum nos ingleses, que começou a ser fritado -ainda que sem exageros - nas alturas do Poder Federal, mas Palocci deve ficar, ao menos até passar a crise que atanaza todo o país, inclusive com repercussões na economia e nas finanças.
Diário do Comércio (São Paulo) 18/11/2005