Li, em algum lugar, que um preso custa ao Estado R$ 1.500, não incluindo no preço da mensalidade os custos anteriores com a polícia, os inquéritos, as perícias, as despesas do Judiciário com promotores, juízos, recursos etc - o que deve dobrar a despesa do erário público para manter o condenado numa penitenciária.
Se Swift fosse vivo, aconselharia o Estado a fechar todas as penitenciárias e a hospedar os condenados em hotéis três estrelas. Poderia sair mais barato aos cofres públicos e calaria a boca daqueles que reclamam das péssimas condições das penitenciárias.
Antes que algum leitor pense que o Swift citado seja um antigo frigorífico que fabricava presuntos e salsichas, lembro que se trata do mesmo autor que sugeriu comermos criancinhas recém-nascidas nas entressafras do abastecimento de outras carnes. Swift era juiz e escreveu um dos livros mais importantes da literatura universal. Influenciou Machado de Assis, mas, na outra ponta da corda, teve a desgraça de influenciar um desalmado como eu.
Voltemos ao preço das penitenciárias. Embora precárias, sórdidas, sem oferecer segurança, insuficientes para a demanda do mercado, elas oneram as burras nacionais com um custo exagerado. "O que fazer?", perguntou Lênin em contexto diverso. Soltar os presos, como fez recentemente um juiz? A alternativa seria a pena de morte, mas ela também custa caro. Tão caro que os nazistas, depois de fuzilarem milhões de judeus durante a Segunda Guerra, ao adotarem a solução final descobriram um gás que matava a custo mais razoável.
Cadeira elétrica ainda é mais cara do que o fuzilamento-a descarga letal exige uma voltagem que custa o equivalente ao consumo de luz de um bairro inteiro durante um mês.
Como se vê, a solução mais barata é botar os presos nos hotéis três estrelas, que, certamente, darão o desconto habitual quando hospedam grupos com mais de cinco pessoas.
Folha de São Paulo (São Paulo) 29/11/2005