O professor Miguel Reale, meu velho amigo e bi-confrade na Academia Brasileira de Letras e na Academia Paulista de Letras, e companheiro no Instituto Brasileiro de Filosofia, do qual é o fundador, advertiu, em artigo publicado pela revista Digesto Econômico , aos seus inúmeros leitores, para um crime político em processo, como o crime praticado pelo Partido Comunista na extinta União Soviética, pelo nazismo na Alemanha e pelo fascismo na Itália.
Esses partidos açambarcaram toda a estrutura da nação na Rússia, na Alemanha e na Itália, sepultaram a liberdade e governaram por meio de um homem carismático as liberdades democráticas. O crime povoou os cemitérios com milhões de mortos, que em vida foram independentes e audazes contra a prepotência totalitária.
Essa foi a grande burla, não menos utópica, que maculou a história do século XX, onde ditadores todo-poderosos, apoiados em falsa infalibilidade, acorrilharam o povo a uma situação de inferioridade que ainda não está de todo apagada. Os crimes perpetrados pelo Estado já foram denunciados, mas ainda falta muito para ser apurado.
O professor Miguel Reale expõe com clareza meridiana o crime em processo e faz uma advertência que cabe para todos nós, pois a herança dos destruidores da liberdade é uma abjeção que deve ser destruída em nome dos interesses das novas gerações, que ocuparão os lugares de direção dos negócios públicos e privados dos países, das empresas e das instituições representativas.
O crime, como se vê, já está sendo apurado e está sendo difundido para proteção dos povos que não conheceram a violência armada. Mas isso só não basta; é preciso que todos nós nos compenetremos de que há um crime político em processo, como diz com autoridade o ilustre professor Miguel Reale.
Diário do Comércio (São Paulo) 20/10/2005