Creio não errar ao afirmar ser o Brasil o país com o maior número de drogarias e farmácias no mundo. É esse um sinal de que comercializar medicamentos é um bom negócio.
Isso porque ainda somos um grande hospital, como classificou numa das seções da Câmara dos Deputados nos anos 30 o conceituadíssimo professor Miguel Pereira. O que se destaca no setor de medicamentos é o alto preço dos produtos com marca de fantasia. Sabem os clientes das drogarias e farmácias que quando vão comprar medicamentos têm de gastar muito.
No custo do medicamento entram vários fatores, por se tratar de produto destinado a saúde, mais os encargos de distribuição e propaganda. Reconhecemos que o problema da precificação dos medicamentos é complexo, por entrarem nesse particular os aludidos fatores de encarecimento.
Tendo em vista o problema do preço, o governo envia medicamentos para suas repartições especializadas distribuirem aos pacientes sem recursos financeiros. Esse, porém, é um paliativo, porque nem sempre nos postos de saúde estão os medicamentos receitados ou necessários para a saúde dos pacientes e nem sempre também os responsáveis pelo funcionamento da repartição se dão conta dos estoques. Nesse ambiente, quem sai prejudicado é o paciente. Daí impor-se ao governo medidas enérgicas para corrigir o defeituosa sistema.
Esta aí, sumariamente, o quadro crítico da saúde pública, em função dos medicamentos. Não ignoramos que solucionar esta equação não é fácil, mas é preciso enfrentá-la no interesse dos milhões de enfermos de nosso país.
Diário do Comércio (São Paulo) 08/09/2005