Vem de longe a expressão álcool-motor. Se não me falha a memória, vem de 1924, por terem alguns usineiros da época procurado o presidente do Estado, Washington Luís, para interessá-lo neste produto, como combustível sucedâneo da gasolina.
Éramos então inteiramente dependentes da gasolina refinada. Importada, chegava ao Brasil em latas grandes, que eram distribuídas pelo País para o consumo. Tratava-se da gasolina Energina , que tinha como logotipo a cruz suástica, como escrevi há pouco tempo.
O que desejavam os usineiros, com o apoio do presidente do Estado, era a independência dos consumidores brasileiros no setor energético, pois entendiam que, adotado o álcool-motor, entraria em fase de desenvolvimento a indústria suco-alcooleira.
Como acontece sempre no Brasil, invariavelmente mesmo, uma brilhante idéia que poderia ter iniciado a nossa libertação energética num setor que acabou esquecido.
Quando os produtores árabes de petróleo, iranianos e outros fornecedores do bruto, decretaram o aumento do petróleo e de seus derivados, tivemos uma fase promissora de veículos movidos a álcool; parecia que o álcool havia entrado definitivamente no consumo auto-movido.
Agora, volta-se a falar novamente do álcool. Somos de opinião que ele cumprirá o seu papel se for adotado como política de substituição da gasolina em todos os veículos auto-movidos do Brasil.
A influente revista The Economist dedica o artigo de capa do seu último número exatamente ao álcool combustível, sinal de que há enorme interesse em aproveitar a tecnologia de que somos detentores.
Diário do Comércio (São Paulo) 13/09/2005