Não há dúvida, em qualquer segmento populacional, a respeito da importância da preservação ambiental. Aderir aos seus projetos, no entanto, é uma outra história. Veja-se no que ocorre com as festas de animais, em geral na Baixada Fluminense, em que se oferecem 200, 300 unidades por dia, com preços, dependendo da raridade, que podem alcançar até 100 dólares, como é o caso da arara azul, hoje bastante ameaçada de extinção. Ou, que é mais barato, o pássaro Pixoxô.
A caça criminosa, combatida com precariedade pelos meios oficiais, traz malefícios à natureza não só do ponto de vista da beleza. O equilíbrio ecológico sente falta de determinadas espécies. Se foram colocadas ali, era para ficar, e não ser vítimas da ação predatória do homem. Uma bióloga na estação de triagem de Seropédica (RJ) chegou a demonstrar a sua contrariedade, afirmando que preferia a companhia das aves à dos homens. A generalização sempre é perigosa.
Outra vertente da educação ambiental pode ser concentrada na destruição de árvores. Para a preparação de simples pastagens ou o comércio internacional de madeiras nobres, como é o caso do mogno, acelerando o seu fim indesejado. A luta contra isso vem de longe, com a criação de iniciativas positivas, como foi o Instituto de Conservação da Natureza, oriundo do governo Carlos Lacerda, ou da preparação de centenas de Vigilantes do Meio Ambiente (VIMAs), estudantes recrutados pela Secretaria Estadual de Educação, no período 1979/1983. Uma ação concreta em defesa do meio ambiente.
Exatamente nesse período, início da década de 80, foi criado o Clube da Árvore, iniciativa do Instituto Souza Cruz.
Uma conversa com Constantino de Mendonça enseja um maior conhecimento de suas atividades. No livro "Semeando Valores" há experiências de 20 anos, lidando com estudantes, professores, diretores, pais, líderes comunitários, autoridades, todos imbuídos do mesmo propósito de servir à natureza. O que não é pouco, tendo em vista o reiterado desrespeito que encontramos em diversos estados. Exige-se uma proteção qualificada do meio ambiente, sobretudo nas zonas rurais, onde as condições de preparo dos recursos humanos são ainda mais precárias.
O bom exemplo do livro citado pode ser encontrado na página 84, em que é examinado "O fascinante mundo das aves". É importante mostrar em salas de aula quantos e quais são os pássaros ameaçados de extinção, pela ação predatória do homem ou mesmo pelo contrabando criminoso para outros países que pagam fortunas por esse tipo de exportação. Daí o apreço pela brincadeira educativa que tem o bem inspirado título "Mais vale passarinho no céu que na gaiola."
Buscamos a beleza de ruas e avenidas, como fator de qualidade de vida. As escolas, por seus alunos, participam ativamente desse processo de convencimento, como também fazem instituições como o ISC, que tem, entre outros objetivos, despertar na juventude maior valorização e interesse pela natureza; aumentar a consciência ecológica de toda a comunidade envolvida, através de atividades teóricas e práticas; incentivar o espírito de preservação e renovação de florestas; desenvolver núcleos de produção de mudas de árvores nativas e exóticas; desenvolver intercâmbio de idéias preservacionistas entre alunos, professores e comunidade; conscientizar para o uso racional de matas e envolver e realizar trabalhos na comunidade e nas propriedades de pais de alunos.
Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em 25/08/2003