Óleo para as lâmpadas da China. Os produtores - na época, à frente os EUA - vendiam petróleo para o mundo inteiro. Vinha para o Brasil uma gasolina em latas grandes, da marca Energina , cujo símbolo era, nem mais, nem menos, antes do nazismo, a cruz suástica, que abraçou poucos depois o mundo com sua terrível wermacht . Estamos, pois, de novo, em face de um ukase da OPEP e nada podemos fazer, para impedir a alta do bruto.
Agora temos a Petrobrás, que na sua propaganda de aniversário anunciou que no caso de outra conflagração mundial o Brasil se bastará com óleo extraído de seu território.
Criticamos muito a Petrobrás, desde o tempo do "Petróleo é nosso", quando na realidade era dos árabes, como ficou abundantemente provado, com os rios de dinheiro que estufaram nos cofres dos produtores.
Agora, o petróleo continua a ser dos árabes, em primeiro lugar, e de outros produtores em lugares subsequentes. O decreto da OPEP não deixa dúvida, pois sabem eles -que dispõem da força -, o cartel depende apenas da união de seus membros, união que é a chave de seu poderio. Está, portanto, a Petrobrás, segundo sua propaganda, habilitada a nos deixar tranqüilos quanto ao bruto.
Numerosos empresários já comentaram comigo que o melhor negócio do mundo é um poço de petróleo, e não temos dúvida que essa afirmação significa a realidade petrolífera do mundo, que é geograficamente delimitada, com algumas variantes, como a do Brasil, graças ao perfeito domínio pela Petrobrás das águas profundas, comprovadamente ricas em petróleo, como as da Bacia de Campos.
Mas, essa situação não é a que nos interessa totalmente. Queremos um mundo de paz e de matérias-primas acessíveis, não açambarcadas por alguns felizardos da sorte, como é o caso dos produtores árabes e de alguns outros membros do cartel.
Todo os ramos industriais do mundo dependem do óleo para sobreviver. Mais de setenta mil produtos são faturados com base no petróleo. Ficamos sabendo, assim, que em nosso corpo, no vestuário que nos agasalha, o petróleo entra com seu quinhão, e não raro o principal.
Daí o presidente Chávez, da Venezuela, ameaçar céus e terra com o petróleo que a natureza lhe pôs nas mãos. Boquirroto, um tanto cucaracha , o presidente Chávez ameaçou até mesmo os Estados Unidos, fazendo-me lembrar de um discurso de Mussolini, gravado em disco, que ouvi em Roma, na casa do príncipe Aliata. Mussolini ameaçou desafiar, simplesmente, os Estados Unidos, isto sem ter Armada, nem Aeronáutica ou Exército para enfrentar o colosso americano.
Concluindo, sou de opinião que a garantia tranqüilizadora da Petrobrás nos interessa, mas, antes de mais nada a paz, pelo qual tanto ansiamos, e que nos parece cada vez mais longe. Uma curiosidade: se escaparmos de uma terceira guerra mundial, como ficaremos em um mundo tão frágil como é o nosso?
Diário do Comércio (São Paulo) 08/08/2005