O Senado agiu em boa hora para racionalizar o sistema eleitoral em vigor. Combati, sempre, a eleição proporcional, pelos grandes logros que gera - viu-se ainda no último pleito, como em todos os pleitos anteriores.
Um puxador de votos, graças ao ardil da demagogia, como ensinou Aristóteles, faz candidatos sem votos e tem voz nas Câmaras. O recurso para acabar com essa anomalia é o voto distrital, que os parlamentares desde a primeira Constituinte de 1946 não quiseram aprovar.
Corta, ainda, o Senado a reeleição, d a qual se beneficiou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Estamos agora vendo o presidente Lula da Silva chorar, dizer-se injustiçado, traído e outras desventuras, simplesmente por lhe escapar a reeleição.
Escrevi, desde o tempo dos Diários Associados , sobre duas teses que as encaro com a maior esperança: o voto distrital, vigente no mundo inteiro, e a prefeitura de carreira para os prefeitos.
Voltarei aos temas outras vezes, sem ter a mínima confiança na assimilação de minhas teses, sobretudo a do distrito eleitoral, com plena garantia dos direitos cívicos, salvaguardados em outros países.
Seria um início de reforma política essa resolução, se fosse tomada.
Escrevi há mais ou menos um mês que todos falam de reforma política, mas ninguém a quer. Está provada e comprovada essa hipocrisia, que tem idade bíblica; mas, em todo o caso esperemos, que nas épocas de crise às vezes sai alguma lei plausível.
Diário do Comércio (São Paulo) 24/08/2005