Estamos assistindo à maior mudança de cargos da história das várias repúblicas nas quais vivemos. O PT, esfacelado, mudou de presidente, sobem e descem membros desse partido que perdeu o rumo e não tem forças para acompanhar a necessidade de ação contínua na gestão dos negócios públicos.
A própria democracia corre perigo de perder substância. A nossa velha conhecida, a governabilidade, que tanto se teme, poderá impor-se e teremos o desastre administrativo, pois temos super lotação de ministérios e nos falta uma burocracia consciente e preparada para exercer o governo.
É esse o nó da crise, que reclama uma ousadia para decepá-lo, ou, se não tanto, um grupo coeso de parlamentares imbuídos de espírito público que promova a reforma política de que tanto se fala, sem que ela se queira com determinação e vontade. Isto tudo porque o Brasil não pode esperar pelas soluções parciais e incompletas de seus problemas.
Faltam-nos quadros técnicos capazes de enfrentar o desafio de uma grande reforma política e não se vê no plano político sua formação em breve tempo, por não termos aqui as instituições adequadas para a formação de pessoal, que são elementos integrados nas solicitações nacionais.
Esse foi o objetivo da Escola de Líderes que meu velho chefe Assis Chateaubriand expôs numa tarde de maio no Rio de Janeiro a uma seleta platéia de intelectuais e homens de empresa, que atenderam a seu apelo. Mas ele adoeceu, morreu e nada se fez. É a nossa lacuna cultural que importa cobrir.
Se não partir para um trabalho sério, preparado por uma plêiade de estudiosos, o Brasil não se salvará como nação e seus filhos continuarão a viver mal.
É preciso, portanto, vencer a instabilidade.
Diário do Comércio (São Paulo) 31/08/2005