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Punição de corruptos

 

Na sua fala à nação, o presidente da República fez essa afirmação. Temos, portanto, o direito de perguntar: porque não os puniu, ou estava tão desligado da realidade brasiliense que não sabia?


O presidente deve ter a seu dispor órgãos de informação para estar ao corrente do que se passa em todo o País, principalmente na administração pública. Onde estava o presidente Lula da Silva que, segundo as letras nos levam a deduzir, não tinha notícia do que se passava em seu governo de dois anos e meio? Vem daí a questão que lhe coloca o homem comum, de que é povoado o Brasil.


O presidente, como sabemos, estava viajando para se tornar o líder político do mundo. Daí o industrial Antônio Ermírio de Moraes aconselhá-lo a passear menos e a trabalhar mais. Isto ele deveria fazer no Palácio do Planalto, despachando com ministros, embora seja tão grande o ministério que essa obrigação de todos os chefes de estado ou de governo fica prejudicada. Cada ministro poderia desempenhar essa função, no máximo, uma audiência por mês. O presidente saberia o que se passava nos escaninhos de seu governo e se teria poupado da vergonha de só conhecer depois a corrupção que entupia os canais da administração de seu governo.


Se lhe serviu de lição - a reprise do collorismo com fariasismo -, ainda bem. Esperamos que o presidente não esteja tão velho que não possa mudar a marcha. Nesse tremedal em que se transformou o Brasil político e administrativo de Lula, é preciso vigiar muito, pois todos sabemos que a ocasião faz o ladrão, e a ocasião se manifesta na ausência do chefe e na falta de informações que caracteriza seu governo.


Governar, todos sabemos, é difícil, principalmente, num país como o Brasil, com vultoso número de leis que não pegam, como dizem muitos advogados com experiência do Foro. Há leis que não pegam e estas devem ser aplicadas para punir os corruptos que conjugam, como dizia o grande padre Antônio Vieira S.J., o verbo itálico, e isto em todos os tempos e modos.


O presidente Lula da Silva tem um dever a cumprir. Deu a conhecer, no período em que já ocupa o Planalto, seu pensamento. Lembremos que declarou à imprensa que a Câmara dos Deputados, onde teve assento, tinha muitos picaretas, que é preciso punir os corruptos, embora os conheça de sobra e até contou com eles para vencer a eleição presidencial que o colocou no governo, e outras atitudes insatisfatórias.


Não temos nada contra o cidadão Lula, mas temos muito com o presidente da República, pois, como diz Harold Laski, a Presidência é mais e menos do que uma ditadura. Refere-se aos Estados Unidos, mas se aplica ao Brasil e a qualquer república presidencial.


O presidente Lula tem poderes de ditador, podendo legislar com as MPs. Esteja, portanto, atento no governo, antes que soçobre como Collor, de sinistra memória. É isso.




Diário do Comércio (São Paulo) 12/07/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 12/07/2005