O Apocalipse, último livro do Novo Testamento, é uma obra que há 2 mil anos desafia o conhecimento humano. Revelação do apóstolo João na ilha de Patmos? Compilação de diversos apocalipses que foram transmitidos por relato oral ao longo da Ásia Menor?
O fato é que o Apocalipse provoca há 20 séculos diversas interpretações escatológicas, e uma das mais conhecidas é a dos quatro cavaleiros - que trazem as desgraças finais e fatais que poderão acabar com a humanidade.
Lula, Ciro, Serra e Garotinho não parecem ter nada de apocalípticos. São homens comuns, prosaicos, com defeitos e qualidades como todos nós. Mas a insistência com que eles estão aparecendo na TV, na mídia, nos outdoors, dizendo que "é preciso acabar com isso e aquilo", tem um bafio estranho, que cheira ao final dos tempos.
Até outubro, teremos os quatro nos quatro cantos de nosso cotidiano, e se é verdade que eles não nos trazem a fome, a guerra, a peste e a morte, como os cavaleiros do Apocalipse, a freqüência de suas aparições tem alguma coisa de sinistro.
Não vem ao caso o que eles prometem. No fundo, todas as promessas que estão sendo feitas pretendem mudar para melhor a nossa realidade, essa sim, bastante apocalíptica.
Durante a 2ª Guerra Mundial, descobriu-se que o Apocalipse previa uma Besta cujo número era 666 e que acabaria com o mundo. Foram feitos cálculos complicadíssimos e descobriram que Hitler seria a Besta do Apocalipse. Séculos antes, Nero também foi considerado a mesmíssima Besta.
Não sei como foram feitos esses cálculos. Mas se juntarmos Lula, Ciro, Serra e Garotinho não teremos certamente a Besta mas alguma coisa parecida com os quatro cavaleiros que espalham tanta confusão sobre todos nós.
Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em 29/08/2002