Bom o primeiro editorial da Folha de S. Paulo , de 30 último. Na verdade o cerco está apertando no território do PT e do líder do partido. O presidente Lula está perto de um beco sem saída, sem conhecer a porta secreta que daria liberdade do castelo sitiado. Seu desespero é, compreensivamente, grande.
Somos observadores que lamentam o pântano moral e político em que foi metida a nação, quando o seu crédito tinha melhorado. Tudo que estamos conhecendo da crise e do comportamento das principais personagens envolvidas leva-nos a deplorar a situação, que está comprometendo os princípios democráticos e, para muitos, republicanos.
Em todo o caso, o presidente está fazendo o que nunca pensou antes em fazer, apelar ao PMDB para uma coalizão salvadora. O velho partido, que ainda guarda malícia de Ulysses Guimarães não quis meter a mão em cumbuca, mas a ala de Sarney viu na união uma ponte da qual é possível tirar vantagem.
Isto porque ninguém é de ferro, sobretudo, como estamos vendo, na política de sempre, embora agravada a tendência em nossos dias de mensalão, Valerito, saques milionários e ofertas mirabolantes a deputados e senadores resistentes às tentações em dinheiro.
Ninguém, ao que me conste, pode prever o que teremos de fato no futuropróximo, pois não se deve fazer previsões, como ensina um provérbio chinês, principalmente sobre o futuro. Mas, no mínimo, se Lula escapar, terá na sua vida de homem público e brasileiro uma ferida não cicatrizada e, é muito possível, não cicatrizável.
O regime teve até hoje, como comprovei em meu livro "A crise da República presidencial", muitas crises, revoluções, traições políticas e mortes. Mas a de agora superou a dimensão das anteriores e compromete a nação, infelizmente. Continuamos acompanhando o desenrolar da crise, e faremos comentários.
Diário do Comércio (São Paulo) 19/07/2005