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Patrulhas nunca mais

 

Os xiitas do PT pretendem decretar a morte de Regina Duarte enquanto personagem do mundo artístico. Manifestação explícita do patrulhamento, que começou no período totalitário e que agora ameaça voltar, no melhor estilo da "não-pessoa" que vigorou nos tempos mais duros do stalinismo.


Dezenas de artistas e intelectuais declararam seu voto a Lula e nada demais que, na geléia geral de nossa vida pública, não vigore o pensamento único - parente daquele pensamento único criado pelo Consenso de Washington, expresso principalmente no setor econômico da comunidade internacional.


A novidade é que, desta vez, o patrulhamento será feito de cima para baixo, e não de baixo para cima, como ocorreu no regime militar. Com o PT dando um banho eleitoral, liderando uma confusa e inacreditável frente única, os xiitas estão assanhados com a perspectiva de darem as cartas e dominarem o mercado das artes, da TV, do teatro, do cinema, das letras, do jornalismo, da vida cultural como um todo.


Vi outro dia, na TV, uma xiita esculhambar com a mesma veemência o Prona do Enéas e os vestidos de Rosinha. Dizia ela que os patrões obrigaram os seus empregados a votar nos candidatos do "sistema", deram a famosa cola com o número dos candidatos da "elite" (citou Enéas e Rosinha como elementos da elite) e descobriram um processo para identificar eletronicamente cada voto, ameaçando demitir aqueles que não obedecessem a cola fornecida pela empresa.


Há lobos esfamaidos querendo aproveitar a onda vermelha do PT, já menos vermelha do que no passado, para um ajuste de contas.


No caso de Regina Duarte, é natural que se critique a crítica que ela fez. Ninguém é dono da verdade, nem mesmo a ex-namoradinha do Brasil. O problema é que, além da crítica à crítica, a patrulha decrete a sua "não-pessoa", ou seja, sua morte profissional e artística.


 


Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em 22/10/2002

Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, 22/10/2002