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Guerreiro da educação

 

Como faz todos os anos, o Ciee/SP, em parceria com o jornal "O Estado de S. Paulo, entrega a uma personalidade brasileira o troféu "Guerreiro da Educação". Este ano, a láurea coube ao professor Hélio Guerra, ex-reitor da Universidade de São Paulo e figura eminente da Escola Politécnica da USP.


Na sessão solene, falaram diversos reitores de universidades públicas e particulares, abordando temas da nossa atualidade pedagógica. Tive o ensejo de sintetizar algumas das expressões utilizadas, a pedido do meu amigo Luiz Gonzaga Bertelli. Por elas é possível sentir a preocupação dos educadores:


1) O estágio é uma solução engenhosa; 2) o desenvolvimento não acontece por acaso; 3) o magistério é a mais nobre de todas as profissões; 4) a expansão de matrículas precisa ser acompanhada da qualidade indispensável; 5) a avaliação deve ser aperfeiçoada; 6) o Enem deve ser universalizado; 7) o ensino público é o nosso referencial, por isso precisa crescer de forma ordenada; 8) há hoje uma forte inadimplência, o que exige um mecanismo inteligente de financiamento do ensino superior; 9) queremos chegar a 2007 com um novo processo de pós-graduação; 10) a autonomia universitária é fundamental, como se provou com o modelo de São Paulo.


Os temas surgiram ao longo da manhã, abrangendo todos os graus de ensino. Tanto se afirmou que a pós-graduação é uma necessidade para a pesquisa de qualidade, quanto se criticou o assistencialismo dos dias atuais, sem deixar de reconhecer que, nos últimos anos, ocorreu uma verdadeira metamorfose na educação brasileira.


Vejamos mais algumas das "pérolas" recolhidas:


11) De 1994 a 2000 a matrícula do ensino superior subiu de 1,4 para 2,7 milhões de estudantes; 12) a oferta de matrículas no ensino público reduziu-se nos últimos seis anos, o que não é saudável; 13) a avaliação deve ser sempre formativa e não somativa; 14) deve-se cobrar a responsabilidade do aluno no "provão"; 15) por que não usar parcela do FGTS no financiamento do ensino superior? 16) O Banco Mundial tem deixado claro que é preciso haver mais investimento em educação e tecnologia; 17) cresceu o ensino médio, mas ainda existe um espaço para ele - e a qualidade tem sido sofrível; 18) a expansão depende também de bons projetos pedagógicos; 19) por que não são ampliadas as oportunidades nos cursos noturnos? 20) Defende-se um modelo de mudança com a ampla participação da sociedade.


Discutiu-se também a idéia de cotas para determinados segmentos sociais, a ausência de políticas públicas adequadas, a necessidade imperiosa de valorizar a carreira do magistério. Se estamos vivendo a hora de investir na qualidade, não existe outra saída senão cuidar de um bem elaborado plano de carreira dos professores e especialistas brasileiros. De outra forma, não chegaremos lá.




Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em 03/11/2002

Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em, 03/11/2002