A reunião do G15, da qual o presidente Luís Inácio Lula da Silva se retirou antes de terminada, é dessas que se realizam periodicamente, desde que foi criada, para debater os assuntos, os problemas, as crises em que, periodicamente, se debate a América Latina. Isto porque a América Latina é dos continentes que mais crises assinala em sua história, com exceção da África, onde de tempos em tempos se matam a machadadas umas tribos contra outras tribos e fica, ao final, tudo por isso mesmo.
A América Latina quis sair-se parecida com os Estados Unidos, tendo copiado as instituições americanas ou copiado aproximadamente as instituições dos Estados Unidos, certos de que seríamos como os americanos e cresceríamos economicamente como os americanos cresceram até se imporem como a primeira potência da terra, com poder de fogo e com supremacia no funcionamento de seus órgãos de governo. Basta, como exemplo, dizer-se que nunca houve uma revolução nos Estados Unidos, a moeda é a mesma de sua fundação e os quadriênios são preenchidos com regularidade, desde o primeiro.
Copiamos mal, mas se copiássemos bem também não estaríamos à altura dos Estados Unidos, pois, como acentua Harold Laski, em seu livro The American Democracy, o sistema político e administrativo americano foi fundado para aquele país e não para ser imitado. Temos a prova no equilíbrio, do Congresso dos americanos, da Suprema Corte e em outras instituições, quando na América Latina, nem mesmo um país ultra bem dotado, como a Argentina, está em crise das piores de sua história.
Fazerem-se reuniões de grupos de países dão como resultado ter um presidente, exatamente da maior nação do continente, que saiu antes de terminado o encontro, porquanto, na sua opinião, supomos, não adiantava perder tempo com falatório do nada, do inútil, do debate estéril, que leva a nada, inclusive nos países pequenos da América Central. É o que estamos vendo, que deveria servir de indicação para os dirigentes dos países latino-americanos ficarem em casa, cuidando de seus interesses nacionais.
Diário do Comércio (São Paulo - SP) em 05/03/2004
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