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Cofins, a estranguladora

 

Cito o poema de Carlos Drummond de Andrade. Mundo, vasto mundo, se eu não me chamasse Raymundo, seria uma rima mas não seria uma solução . Se consultarmos o manual de Valentim Magalhães sobre rimas, encontraremos todas as rimas em língua portuguesa de que necessitarmos, mas, uma vez usada essa jóia da poesia, podemos não ter a solução de que precisávamos e termos de procurar outra solução.


É o caso da Cofins. É, sem dúvida nenhuma, ou com total certeza, mais um ataque ao bolso do consumidor, do contribuinte, do pobre brasileiro que ganhando pouco ou ganhando o que mal e mal, como dizem os caboclos, dá para comer e vestir-se pobremente. Mas o governo PT, que seria a salvação do Brasil, pois introduziria na famosa governabilidade técnicas desconhecidas de outros governos, e faria frutificar as árvores das patacas, em defesa de todos nós, que pagamos e não recebemos.


Se, pois, não podemos contar com rimas e soluções, para atenção ao poeta, podemos clamar aos céus contra a exploração que se faz do brasileiro obrigado a pagar para não ser obrigado judicialmente a fazê-lo, enquanto uma reduzida minoria de compatriotas ganha salários nababescos e outra minoria ganha sem fazer força, ainda mesmo com as Cofins, inventadas por cérebros férteis em invenções contra o seu semelhante, esse se dá por satisfeito no fim de cada mês.


Não tenho esperança de que a Cofins será sanada por uma desses decretos que inundam, mais do que as enchentes de São Paulo, as páginas do Diário Oficial , e todos corremos o risco de morrermos afogados, sem outra salvação senão a dos bombeiros heróicos que se arriscam para nos proteger. Teremos essa solução, essa rima? Não sabemos, pois no atual governo com a atual assim chamada nova governabilidade, nada podemos esperar, senão a Cofins viva e outras Cofins similares contra o ser humano chamado contribuinte.




Diário do Comércio (São Paulo) em 12/03/2004

Diário do Comércio (São Paulo) em, 12/03/2004