Deixo logo dito que a distância entre o PRP e o PT, do título acima, é maior do que a distância das galáxias universais.
O PRP governou de Prudente de Morais à Washington Luís; ao todo dez presidentes com uma interrupção, a de Hermes da Fonseca.
Os governos perripistas foram apodados de organizadores de eleições com falsas atas de eleitores, o que teve realidade em várias eleições. Mas o PRP, com seus congêneres estaduais, fazia severa seleção de candidatos e só enviava às Câmaras respeitáveis cidadãos, munidos em geral de diplomas superiores. Durante a República Velha, que foi a república do PRP e de seus congêneres, as representações tinham alto mérito, o que não vem ocorrendo senão excepcionalmente depois da derrocada do Estado Novo de Getúlio Vargas.
Hoje, o que temos são aglomerados, uns ideológicos e outros não, uns fisiológicos e outros não, sem consistência nem instituição comprovada no exercício das funções parlamentares.
Insisto que esse é o problema vital do regime e, no entanto, não tem sido levado a sério por, evidentemente, interessar a uma parte da classe política a existência de partidos nanicos sem ideologia, sem doutrina, sem competência política, mas com voracidade de negócio para fins eleitorais incomensuráveis. Quando se fala de reforma política, deve-se incluir o problema partidário, que é fundamental para termos uma democracia digna do nome.
Não nego que durante a República Velha o recurso ao Estado de Sítio foi vastamente usado pelos governos, mas a parte boa do Partido Republicano Paulista e de seus congêneres estaduais conduziu a nação por quarenta anos, uma duração constitucional só comparável a do Império, que foi de sessenta e cinco anos. Fica aí mais um estudo da reforma partidária, para o bem da sociedade de massas que cresce cada vez mais no país.
Diário do Comércio (São Paulo) 22/09/2005