Quando Bush foi eleito para a presidência não depositamos em sua candidatura vitoriosa a confiança que milhões de seus compatriotas entenderam de confiar-lhe. Sua aparência de cowboy, sua rusticidade, apesar de bem casado, o fato de ser governador do Texas, um dos mais importantes Estados da União Americana, daria o crédito de que necessitávamos, pois, como é amplamente sabido, todos dependemos dos Estados Unidos em vários setores, principalmente no comercial.
Os conselheiros de Bush, dentre eles Condolleza Rice, que supúnhamos ter prática do grande cenário internacional, erraram não convencendo o presidente que era inoportuna a guerra, sobretudo porque a ONU, com seus inspetores não havia encontrado nada, absolutamente nada, que acusasse o tirano de Bagdá de perigo nuclear próximo apontado para o Ocidente, vale dizer, para os Estados Unidos. Bush fez porque quis fazer a guerra contra o Iraque, e atirou seus boys à fogueira.
Os Estados Unidos têm a experiência ainda recente do Vietnam, embora o Iraque não conte com tropas organizadas, nem com Giap, o gênio da estratégia, que obrigou os Estados Unidos a capitular, com cenas filmadas e transmitidas para o mundo inteiro, mostrando a vergonha de uma derrota prevista há muito, quando havia tempo para impedí-la. Bush tardiamente declarou que desejava fazer o que seu pai não fez na guerra do Golfo.
Agora, a guerra se amplia, as mortes se acumulam, os próprios Estados Unidos declararam que só em abril mataram 700 iraquianos ou adeptos do Iraque, na luta que está sendo travada e que leva a morte exatamente para dentro dos lares americanos, que não a queriam como companhia, através de seus boys. Agora é tarde, a menos que os Estados Unidos capitulem outra vez ou arrasem totalmente Bagdá, obrigando os terroristas a serem construtores de cidades arruinadas pelos destroços. Vamos ver no que dá tudo, pois, por enquanto, os Estados Unidos não estão levando a melhor.
Diário do Comércio (São Paulo - SP) em 21/04/2004