Os grandes jornais de São Paulo e Rio de Janeiro, supondo-se que nos demais Estados a situação é igual, publicaram, em uma coluna comum as vinte palavras de texto, que a Coréia do Norte já teria experimentado um foguete portador de ogiva atômica e o Irã, por sua vez, estaria de posse da bomba atômica, e já teria feito experiências subterrâneas de sua eficácia. Os dirigentes de um e outro país malograram na condução dos negócios públicos e no benefício do desenvolvimento, para o bem do povo.
É verdade que nenhum dos dois conhece o que é o bem comum, do qual Santo Tomas se ocupou na sua Suma Teológica, por nele ver o estágio superior a que aspira o ser humano. Os dois países que optaram pela bomba atômica, um passando incólume e indiferente sobre a fome de seu povo, o outro depois de ter derrubado o trono do Xá Reza Palhevi, entrou para a derrocada de suas riquezas minerais e industriais com essas riquezas e amedronta o mundo, sobretudo por não ter em seu quadro de membros do governo a inteira responsabilidade do que é a bomba atômica.
Todos quantos se informam sobre os problemas do mundo, com os elementos que estão ao alcance de qualquer leitor de revistas científicas, sabem do poder destruidor desse engenho, que pôs fim à guerra mundial quando jogada sobre duas cidades japonesas. Os cientistas mais famosos e de maior responsabilidade, como Fermi, Einstein e outros, advertiram a população do mundo, ou a que tem acesso aos meios de informação, sobre o perigo destruidor de um engenho que não deveria sair do segredo dos seus autores. Para se fazer idéia, uma bomba atômica destrói São Paulo, uma das mais extensas cidades do mundo.
Apelar sua população a notícias minúsculas dos jornais, provavelmente dará de ombros e pensa em outro assunto, com certeza no seu salário ou na sua namorada. É onde chegamos em face do perigo incontrolável dos meios mortíferos classificados como nucleares.
A ONU vai tudo envidar para atrair os governos da Coréia do Norte e do Irã à adesão ao controle total dos engenhos nucleares de que são possuidores. Mas, se aderirem, eles obedecerão? Duvidamos, por já termos suficientes notícias do passado de uma e outra nação.
No entanto, pesamos a Deus que nos proteja dessas ameaças, que provocam o medo.
Diário do Comércio (São Paulo) 09/05/2005