Antes das eleições, que conduziram Lula ou Da Silva, como prefere o New York Times , o melhor jornal do mundo, estávamos certíssimos que era ele o homem para frear o ímpeto subversivo, insurrecional, desordeiro, mesmo, do MST. Para nós o presidente Lula ou Da Silva iria por cobro aos abusos e, ao mesmo tempo, aos lucros dos falsos reivindicadores de terras, pois que as vendem quando as recebem e o que vemos é o presidente Lula ocupar-se de tudo, menos de coibir, com energia, os invasores de propriedades legitimas e alheias ao movimento.
É sabido, pois a imprensa já se ocupou do assunto várias vezes, que um número elevado de indivíduos urbanos engajou-se no MST, obteve os assentamentos e logo procurou compradores para os lotes, e voltaram, tão logo os venderam, para a cidade, que é ali que deseja viver e trabalhar, se possível, não no campo, que não nasceram para essa vida de produzir alimentos às cidades ou para a subsistência. Sabido, repetimos, abundantemente, a tal ponto que um ilustre professor da USP certificou-se pessoalmente dos indivíduos urbanos atuando no movimento dos sem-terra.
O presidente Lula também sabe disso, pois se não é segredo para ninguém, não o seria para o irrequieto chefe do governo. Mas o presidente Lula quer outros misteres na sua vida de chefe de Estado, por exemplo, as viagens, como a de agora à China, uma das muitas ilusões que embalam os governos que precisam faturar para ficarem bem com o povo que os elegeu. O presidente Lula nada fez até agora para disciplinar os do MST e, a nosso ver, nada vai fazer, a menos que seja conveniente para a sua carreira política e sua ventura de chefe de governo com possibilidade de viajar pelo mundo, ostentando o título, que lhe foi dado pela revista Time , de campeão dos emergentes.
Nada é fácil, no mundo, seja para os poderosos, seja para os fracos. O prestígio do presidente Da Silva começa a cair e não pouco. Diremos que despenca, apesar de procurar ser o mais simpático possível para todos os brasileiros. Ninguém, no entanto, é trouxa. Todos os brasileiros estão vendo que o presidente nada faz para pôr um termo na tentativa socialista de ressuscitar Marx, Lenine e outros fantasmas do passado e do comunismo. O líder dos vermelhos, dos sem-terra, não nega que é guevarista. Que mais quer o presidente, a menos que seja guevarista? É preciso que o presidente se capacite que é presidente de todos os brasileiros, e a maioria destes não aprova os do MST e suas façanhas. Nada mais há dizer, no momento.
Diário do Comércio (São Paulo - SP) 31/05/2004